Olga Tessari

A acirrada rivalidade entre mulheres

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página

Existe rivalidade entre homens, mas entre as mulheres é bem mais acirrada. 

Atire a primeira bolsa quem nunca sentiu uma invejinha básica de uma amiga, de uma colega de escola, de trabalho ou em uma festa, enfim, de alguma mulher que tinha um "quê" a mais. Sim, nós somos naturalmente competitivas. Gostamos de chamar mais atenção, ser mais inteligentes, mais bonitas, mais bem-vestidas e mais espertas do que as outras. 

Começa lá na infância, quando queremos ter uma boneca mais legal do que a da nossa amiguinha, passa pela adolescência, quando queremos nos destacar no meio da turma, e continua pela idade adulta, quando disputamos com outras mulheres os homens disponíveis, uma vaga de emprego, uma promoção no trabalho e até um corpo perfeito. Ou seja, queremos ser as melhores em tudo. Mas até que ponto isso pode ser saudável? 

Segundo a psicóloga Olga Tessari, faz parte da natureza humana querer ser o melhor, o mais bonito, aquela pessoa que se destaca no meio da multidão. "A competitividade feminina está ligada à cultura. Ela sempre existiu, pois das mulheres sempre é exigido o máximo: tem que ser boa como dona-de-casa, mãe, esposa, profissional, em tudo. Então, nada mais ´natural´ do que elas competirem entre si a respeito de quem é a melhor, seja em que quesito for", afirma. Para ela, a competição é saudável, porque faz com que a mulher melhore a si mesma para se destacar entre as outras. 

Já a rivalidade, quando surge, traz consigo o sofrimento, o ciúme, a inveja, a irritação, a diminuição da autoestima – principalmente diante de uma vitória da rival. Com isso, ocorre uma mudança de atitude como gastos exagerados ou compulsivos para poder estar à altura da outra ou mesmo superá-la; fazer jogos, alianças, acordos e estratégias até mesmo ser dissimulada. 

Dizem que "os homens são cúmplices, as mulheres são rivais". 

Na antiguidade, a única oportunidade de sucesso pessoal era conseguir agarrar "o melhor partido". A disputa era feroz. Neste contexto, como poderiam as mulheres ser cúmplices? 

Agora que a mulher alcançou a independência, o homem limita-se a ser um troféu, e não é por ele que as mulheres esgrimam. Elas lutam para marcar posição entre si. 

A mulher, hoje, não precisa ser submissa, pode penetrar no mundo masculino sem se sentir intimidada (claro que isso só acontece no ocidente e apenas em grandes centros). 

Por se manter muito tempo numa posição inferior e ficar recolhida no recesso do lar, as mulheres se tornaram introspectivas reprimiram sua agressividade, desenvolvendo códigos, estratégias para se comunicar e conseguir aquilo que deseja. 

Ao contrário do homem que toma o que lhe agrada, a mulher pede e se lhe é negado ela tem duas posturas, dependendo de sua natureza, ou ela se resigna com a negativa e permanece submissa ou conquista através de estratégias de sedução, não só sexuais, mas também através do paladar (o ditado que homem se pega pelo estômago, comprova a idéia popular que a mulher que cozinha bem, consegue o que quer). Algumas mulheres usam a fragilidade física como ameaça de achaque, dores e desmaios, a chantagem emocional como forma de cobrança, do tipo: fiz tudo para lhe agradar e você me nega um simples pedido e outras estratégias menos caracterizadas e mais elaboradas. 

O mundo feminino é cheio de intenções veladas, mergulhado em códigos, um mundo voltado para dentro de si mesmo, um mistério para o masculino. 

Dizem as más línguas que não existe amizade sincera entre as mulheres. O que existe é uma competição constante, claro que isso é um exagero, mas não se podem fechar os olhos para a tendência de competição existente nos relacionamentos entre as mulheres. 

O psicanalista Bruno Bettelheim, muito prestigiado na psicologia infantil, salienta na análise do conto Branca de Neve a tendência que aparece desde cedo entre mãe/mulher e filha/mulher em desenvolvimento, quando competem pela atenção do homem/pai, ou pela vantagem que a mãe tem sobre a filha, por ser adulta e a filha sobre a mãe, por ser jovial e se encontrar no desabrochar da sexualidade. 

Muitas vezes os conflitos externos são simbólicos e a competição entre as mulheres são alegorias, pois reproduzem conflitos internos. 

Infelizmente é raro que as mulheres envolvidas neste conflito se apercebam desta projeção. 

A competição entre as mulheres ocorre com o aparecimento de pequenos conflitos e disputas, pode haver disputa pela atenção do homem, quando ele é o símbolo de segurança e sucesso para as mulheres envolvidas nesta disputa, ou quando há desejo sexual por esse homem (as duas o desejam): a personalidade dele nada tem a ver com a disputa, não é a pessoa que se deseja, mas o que ela representa e pode proporcionar. 

Um exemplo disso são os atores, cantores, homens com cargos políticos ou títulos de nobreza que sempre atraem grupos de mulheres. No Brasil são famosas as mulheres chamadas de "Maria Chuteira," mulheres que competem entre si na busca de namoro ou até casamento com jogadores de futebol, que são em nosso país, um modelo de homem bem sucedido. 

Outro motivo pode ser de natureza diferente, ele não é disputado pela proteção que representa, nem pela atração sexual que exerce, mas por servir de termômetro (representando todos os homens) para medir a beleza entre duas ou mais mulheres, quando elas são inseguras com relação ao corpo e alienadas de sua capacidade intelectual. Novamente o homem é algo que serve para medir, sem envolvimento afetivo. Citando outro exemplo, é comum as adolescentes adotarem determinada moda guiada não pelo gosto pessoal, mas pelo sucesso que as amigas fazem com tais roupas diante dos homens. 

Analisando os contos de fadas a disputa é sempre pela atenção de um homem símbolo. O amor do homem em questão não é mencionado, a luta aparentemente é para saber quem é a mais bela, a melhor, a preferida. 

Essa disputa acontece através de jogos de palavras, alianças, acordos e estratégias. A mulher é política, deixe o poder em suas mãos e não haverá mais guerras e multiplicará o número de diplomatas. 

Porém, quando a rivalidade se torna um problema crônico, é melhor avaliar a quantas andam a maturidade e a autoestima. Enxergar todas as mulheres como rivais, segundo a psicóloga Olga Tessari, é sinal de uma grande insegurança a respeito das nossas capacidades, mas também pode revelar algum problema de personalidade. Se a pessoa só consegue manter uma boa autoestima quando se sente melhor do que as outras à sua volta, precisa procurar apoio psicológico. Afinal, viver se comparando aos outros é um belo convite ao estresse e à depressão. 

Matéria publicada no site Canal Eletrônico por Rosane Terra em 21/11/2008

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Mulher -  Adolescência -  Amigos/Grupos -  Ansiedade - Problemas de Relacionamento - Medos - Pais e Filhos - Autoestima - Depressão

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