Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Dá certo?
Quem nunca se apaixonou por uma pessoa mais jovem ou que tem um conhecido,
um primo ou um colega de trabalho, que já se relacionou com uma ninfetinha
que atire a primeira pedra. Alguns artistas como Elba Ramalho, casada com
Gaetano que é 24 anos mais novo, mantém um relacionamento duradouro.
A diferença de idade entre o homem e a mulher numa relação amorosa
é um assunto polêmico.
A psicóloga e psicoterapeuta, Dra. Olga Inês Tessari, explica por
que é tão comum. 'O que importa neste tipo de relacionamento é a idade
mental/emocional de cada pessoa, ou seja, a forma como as experiências
de vida são encaradas e absorvidas por cada um. Existem pessoas que aos
40 anos, comportam-se como verdadeiros adolescentes, assim como há jovens
de 20 anos que agem e pensam como adultos de mais de 40/50 anos. Portanto
é comum pessoas de diferentes idades cronológicas se relacionarem.'
A doutora afirma que homens e mulheres têm procurado este tipo de relacionamento
porque existe uma afinidade. 'Em geral, são pessoas de mente aberta
a novas experiências, que não se sujeitam aos padrões comuns da sociedade,
que buscam a manutenção da alegria, do bom humor, das aventuras e desafios
característicos da fase dos jovens. As pessoas tentam viver ou reviver
bons momentos que ficaram para trás', comenta.
Há pouco tempo, apenas os homens se relacionavam com pessoas mais
jovens, as mulheres tinham medo do preconceito, mas a Dra. Olga comenta
que isto diminuiu e que hoje em dia já é possível se dizer que não há muita
diferença na porcentagem de homens e mulheres que se relacionam com pessoas
mais novas.
Apesar da sociedade se dizer moderna, a Dra. Olga fala que ainda
há o preconceito. 'Apesar de estar cada vez mais em desuso, o preconceito
ainda existe, o homem que namora uma mulher bem mais velha, certamente
é mais adulto do que a maioria dos jovens ao seu redor e quer um relacionamento
estável, sem as neuras típicas das mais novas. No caso da mulher buscar
um homem mais jovem, o preconceito pode revelar a realidade de ela buscar
homens de mente mais aberta, menos machista (como a maioria dos mais velhos
ainda são), mais carinhosos e companheiros, que dividem tarefas e são mais
cúmplices e solidários. Além disso, o fato de ser desejada e amada por
um homem mais novo colabora para a elevação de sua autoestima.'
Quem não tem a mínima ideia de como é essa relação, saiba que, como tudo
na vida, há o lado bom e ruim. 'O(a) mais velho(a) alimenta o receio
de que possa, em algum momento, ser trocado(a) por alguém mais jovem e
atraente. O(a) mais novo(a), por sua vez, sente medo de ser trocado por
alguém mais velho, com mais experiência de vida ou de que possa, ao longo
do tempo, ficar mais velho e menos atraente para o outro, revelando uma
baixa autoestima. Quando a autoestima de ambos é elevada e eles não deixam
as opiniões alheias interferirem no relacionamento, certamente haverá muitas
vantagens, pois a troca de experiências entre ambos será muito rica e diversificada.'
Amigos, vizinhos e familiares podem não aprovar a relação devido a diferença
de idade, o que pode atrapalhar ou até desgastar o relacionamento. A
doutora fala que é comum as pessoas opinarem a respeito da vida do outro.
'Pessoas próximas, familiares e amigos sempre supõem que sabem o que
é o melhor para seus parentes e amigos, embora nem sempre o que é melhor
para eles, seja para o outro. Se um determinado membro da família considera
não ser bom se relacionar com uma pessoa muito mais jovem, ele vai pensar
que também não deverá ser bom para o outro. É preciso ter paciência com
elas, evitando discussões e brigas que não levam a nada, procurando levar
a pessoa amada a uma convivência mais próxima para que a conheçam melhor.
Do contrário, é importante fazer-se respeitar pela sua escolha e exigir
este respeito, procurando mudar de assunto quando elas começarem o seu
discurso ou mesmo dizendo que você respeita a opinião delas, mas que sua
escolha já foi feita. Nada de ficar batendo boca ou agindo com rebeldia.'
A doutora lembra ainda que se o casal não tiver muito diálogo, carinho
mútuo e paciência para suportar a pressão dos parentes e amigos que condenam
o relacionamento, certamente não conseguirá manter a relação por muito
tempo, pois brigas e discussões serão constantes.
A psicóloga alerta que se o filho for menor, em geral, os pais não aceitam
que eles namorem pessoas muito mais velhas, devido à dificuldade em
aceitar que eles possam crescer e ter opiniões, crenças e valores diferentes
e ainda dá a dica de como enfrentar os pais sem brigas. 'Os pais sempre
pensam que sabem o que é o melhor para os filhos e, baseados na falsa crença
de que pessoas mais velhas querem aproveitar-se da ingenuidade de seus
filhos, reprovam o namoro com pessoas mais maduras.'
'Mães se sentem ameaçadas pela mulher mais velha pensando erroneamente
que ela vai tomar o seu filho ou pior ainda, que vai fazer o seu filho
voltar-se contra ela; o pai considera que o homem mais velho apenas vai
abusar de sua filhinha. Neste caso, os filhos devem insistir com os pais
para que eles pelo menos tentem conhecer melhor o namorado (ou a namorada)
antes de emitirem qualquer conceito baseados apenas na sua idade cronológica.
Em geral, famílias que costumam dialogar e trocar ideias acabam por aceitar
o namoro depois de conviver um pouco mais com os namorados de seus filhos,
respeitando-os.'
Para o relacionamento dar certo, Dra. Olga comenta que o respeito é primordial.
'Temos que aceitar as pessoas como elas são. É importante também não
se deixar levar pela opinião dos outros.' Avalie cada opinião/crítica sem
se irritar. Se o clima de pressão familiar para que o namoro acabe for
muito grande, procure não deixar que este clima envolva o relacionamento.
É comum casais brigarem por causa da opinião de familiares e amigos
do(a) namorado(a) e este é o primeiro passo para minar um relacionamento.
'Respeitar as diferenças de opinião da pessoa amada, fazendo com que ele(a)
também respeite, assim como respeitar os parentes e amigos do(a) namorado(a),
vai ajudar bastante. A pior coisa do mundo é ficar de cara feia ou evitar
de ir às festas de amigos e encontros familiares apenas porque alguns deles
não aceitam a união. Tenha paciência e conquiste cada um deles', finaliza.
Matéria publicada no site da Rede Transamérica por Ana Paula Carvalho
- Da Redação
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