Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Ser mãe solteira num país como o Brasil não é coisa das mais fáceis.
Muitas vezes, sem suporte familiar, dos amigos e, desaprovada na
sociedade, a mulher tem que trilhar seu caminho sozinha com o bebê e sente
o desamparo lhe atacar por todos os lados.
Segundo relatório do Fundo de População da Organização das Nações
Unidas (ONU), a cada mil mulheres brasileiras de 15 a 19 anos, nascem 71
bebês, mesmo número registrado em toda a região da América Latina e do
Caribe.
Para a psicóloga e psicoterapeuta Olga Tessari, é muito difícil ser
mãe solteira, pois não há um companheiro masculino ao lado da mulher, além
dos problemas financeiros comuns aos jovens. "Ela vai precisar contar com
o auxílio da família, amigos, porque nem sempre o pai da criança assume
e nem sempre a mãe quer assumir esse pai, pois às vezes a gravidez aconteceu
num encontro fortuito", observa.
Olga Tessari diz haver casos em que as mulheres utilizam a gravidez para
manter os rapazes que gostam próximos delas: "Então ela engravida
de propósito numa noite de amor e o rapaz percebe isso, e acaba por abandonar
a relação, pois já possuía tal intenção".
Olga Tessari afirma que a participação dos pais é fundamental para uma
mãe que vive essa empreitada sozinha. Mas não é sempre que eles aceitam
tal situação. "Num primeiro momento eles ficam revoltados e dizem: 'não
era isso que eu queria para a minha filha'. Mas depois, como eles amam
a filha, a maioria acaba por tentar trazê-la para o lar. Mesmo assim, ainda
existem aqueles que, por uma questão de moral, de orgulho, expulsam a moça
de casa", considera. "Eu não tive apoio do pai da minha filha. Tampouco
da minha família no momento que eles souberam. Eles até disseram que ficariam
do meu lado, que estariam comigo para o que eu precisasse, mas no fundo
eles ficaram decepcionados", relata a relações públicas (que não quis se
identificar) 23, que teve uma filha sem o companheiro e sentiu na pele
a desaprovação inicial dos pais.
Os avós podem ter participação prejudicial à vida da criança, na
visão de Olga Tessari, pois eles têm a função de "mimar" a criança e acabam
por não educá-la da forma devida. "Ocorre que, como essa garota ainda está
em formação de conceitos, de valores, os pais dela assumem a educação dessa
criança", coloca.
De acordo com Olga Tessari, os problemas apenas começam quando a
criança nasce: "Como a garota é jovem, ela quer continuar a vida dela,
sair trabalhar, fazer as coisas que ela tem vontade e os pais querem que
ela fique em casa para 'tomar conta do filho num sábado à noite'". Isso
pode ser perigoso, pois a criança pode se sentir rejeitada, ao se ver como
a motivação para esse tipo de discussão. "A jovem deve assumir que é mãe,
educar a criança e tentar relacionar sua vida pessoal com a da criança
e não usar os pais como muleta. Tentar o quanto antes colocar a criança
numa creche, para que ela interaja com outras", finaliza.
Matéria publicada no site do Padre Marcelo por Rodrigo Herrero e Markione
Santana em julho/2005
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