Texto de © Dra Olga Inês Tessari
*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página
A adolescência é uma fase da vida com muitos conflitos e dúvidas, tanto
para os pais como para os próprios adolescentes. Entenda um pouco mais
sobre este período da vida!
A adolescência é uma fase da vida na qual ocorrem muitas mudanças: surgem
alterações no corpo, que deixa de ser infantil para tornar-se adulto e
transformações de comportamento que servem para a construção da identidade,
momento em que o adolescente deixa de lado os valores dos pais para criar
seus próprios valores que podem vir a ser idênticos aos dos pais assim
como podem ser totalmente divergentes dos valores paternos ou uma mistura
entre os valores semelhantes e os divergentes. É um momento de muitos conflitos
na família se não for bem administrado!
Os pais têm uma certa dificuldade em aceitar o crescimento de seus
filhos... Quantos pais dizem sentir saudades do tempo em que os filhos
eram bebês? Admitir que o filho cresceu equivale a reconhecer que eles
estão ficando mais velhos!
Para o pai, é difícil aceitar que sua eterna namoradinha agora se
interessa por um outro homem que não é ele! E a mãe, muitas vezes, não
consegue tolerar a existência de outra mulher cheia de juventude!
Muitas garotas entram em conflito com suas mães pelos mais diversos
motivos e os mais comuns estão ligados ao fato de divergirem da opinião
da mãe ou mesmo por questionarem as imposições maternas; em muitos casos,
o conflito acontece por causa da inveja da mãe em relação à juventude da
filha, seja fisicamente (mães que não aceitam envelhecer vêem na juventude
da filha que o tempo de juventude delas passou), seja porque esta mãe não
teve a liberdade que a filha tem em função da mudança de costumes sociais:
quantas mães dizem "no meu tempo isso não podia acontecer", " na minha
época, meninas de família não ficavam na rua até esta hora que você quer
ficar", "meu pai não me deixava fazer isso...". Enquanto algumas
mães querem que suas filhas vivam tudo aquilo que elas não viveram, muitas
outras agem de forma contrária, não permitindo ou evitando que suas filhas
vivam mais do que elas mesmas viveram ou tiveram em sua juventude!
Outro motivo de conflito é a filha querer fazer algo que a mãe não concorda,
como por exemplo, ir a lugares que a mãe considera ruins ou andar
com determinadas pessoas que ela não gosta ou mesmo seguir determinada
religião ou ter um gosto musical divergente do dela ou mesmo vestir-se
de forma diferente da que ela gostaria. Muitos pais não se conformam de
terem perdido o "posto" de heróis insubstituíveis dos filhos e não conseguem
suportar o olhar crítico dos jovens, pois estes começam a enxergar os pais
como são: pessoas com todos os defeitos e qualidades que lhe são próprios.
Há pais que passam a controlar exageradamente a vida dos filhos,
como se pudessem, com isso, voltar a tê-los como crianças: não respeitam
sua privacidade, querem participar da vida deles de forma integral, e usam,
para o controle deles, os perigos que aumentam nesta fase (a violência,
a AIDS, etc.). E mesmo controlando, vivem agindo no sentido de fazer com
que os filhos sejam como eles gostariam que os filhos fossem, semelhantes
a eles! Por isso a dificuldade em aceitar os filhos agindo e se comportando
de forma diferente daquela que eles esperavam!
Enfim, é uma fase difícil não só para a adolescente como também para
seus pais.
Por isso, é importante que o adolescente saiba como lidar com os
seus pais para que eles percebam que ele cresceu e que o respeitem como
ele é!
Em primeiro lugar, são os filhos que devem mostrar aos pais que já não
são mais crianças: nada de fazer cara feia ou ter comportamentos infantis
diante de uma "bronca" ou "proibição". O importante é conversar, dialogar
e questionar de forma adulta e com bons argumentos as imposições dos pais.
Por exemplo, quando os pais não deixarem o filho sair para a balada por afirmarem
que confiam no filho, mas não confiam nas outras pessoas que lá estão,
que tal perguntar a eles se eles não confiam na educação que deram ao filho?
E se confiam no filho, por que proíbem? Será que eles vão proibir tudo
aquilo que eles consideram ruim para o filho? Quando é que eles vão perguntar
ao filho o que é bom para ele? E se mesmo assim os pais não deixarem que
ele saia, questionar o porque desta proibição.
Questionar não é brigar, mas dizer aos pais que é importante saber e entender
o motivo da proibição. Muitos pais querem antecipar questões aos filhos
para evitar sofrimentos futuros... Mas o único método conhecido para se
aprender algo é vivendo!
Uma conversa amigável com os pais vai mostrar que viver é experimentar.
Cito aqui o caso de um garoto de 18 anos que nunca havia tomado qualquer
bebida alcoólica por opção, mas que, num final de semana com amigos, acabou
tomando vinho muito além da conta e foi parar no hospital com coma alcoólica:
muitos pais poderiam fazer um escândalo e brigar com o filho ou mesmo castigá-lo
por este ato. Os pais do garoto, ao saberem do ocorrido foram ao hospital,
esperaram a recuperação dele e conversaram com o filho questionando se
valeu a pena ter bebido tanto e se valeria a pena continuar bebendo desta
forma.
Ou seja, o diálogo e o respeito pelas opções do filho é o caminho para
o crescimento e para um bom relacionamento.
Os adolescentes costumam ser "do contra" até pelo fato de que precisam
negar os valores que tiveram até então e que, na maioria das vezes, são
valores de seus pais.
Pais que dialogam com os filhos são mais ouvidos pelos filhos e tem filhos
menos rebeldes do que pais mais autoritários e impositivos.
Os adolescentes detestam serem tratados como crianças. Muitos deles relatam
que em determinados aspectos os pais os tratam como adultos (quando
a questão é uma determinada responsabilidade tal como arrumar o quarto,
lavar a louça, etc.), mas na hora deles namorarem ou mesmo saírem com os
amigos (na hora do lazer, digamos assim), os pais os consideram crianças.
Os adolescentes detestam esta incoerência: ou os pais os tratam sempre
como crianças ou então como adultos que já se consideram ser.
A melhor maneira de conseguir que os pais entendam o adolescente é através
do diálogo. Se os pais estiverem nervosos, não adianta discutir,
o melhor a fazer é esperar que eles se acalmem e só depois iniciar uma
conversa calma e esclarecedora com eles.
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