Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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País Tropical!
Um país tropical, no qual homens e mulheres têm liberdade para exibir
seus corpos nas praias com bem pouca roupa, especialmente durante
o verão. Suas mulheres se tornaram conhecidas no mundo inteiro como referência
em beleza e boa forma física. Esse é o Brasil, que também lidera algumas
estatísticas pouco animadoras: é o primeiro no consumo de remédios para
emagrecimento e o mais preocupado com a perda de peso.
Segundo pesquisa divulgada pela CNN no início de 2010, e que entrevistou
16 mil pessoas em 16 países, 83% dos participantes brasileiros afirmaram
se sentir coagidos para serem magros. A maioria assume que os hábitos alimentares
são culpados quando o peso está acima do normal e disseram já ter tentado
emagrecer de diversas formas.
Quem mais sofre para alcançar os padrões de beleza que possivelmente
agradam as mais diversas opiniões são as mulheres. Aquelas que não podem
recorrer às cirurgias plásticas, das quais o Brasil também é recordista,
apelam para as dietas milagrosas. E não é difícil encontrar uma que se
adapte às freguesas: as revistas e os sites na internet trazem um leque
de opções para quem gosta mais de frutas e de vegetais, para quem quer
continuar consumindo carboidratos ou para quem quer perder peso muito rápido
com um cardápio à base de líquidos.
O cuidado com a saúde não é o principal motivo para que as pessoas
procurem reduzir suas medidas, mas sim a baixa auto-estima. A psicóloga
e escritora Olga Tessari explica que a mídia estimula as pessoas a manter
um corpo esbelto e bonito de se ver e de se admirar. "No meu consultório,
é comum pessoas com peso acima do normal acreditarem que não serão amadas
ou desejadas por não estarem dentro do padrão de beleza imposto socialmente
- corpo perfeito e peso ideal".
A estudante Camila de Cássia da Silva, 21 anos, foi uma dessas brasileiras
e conta que nas tentativas de reduzir o peso, sua autoestima só se mantinha
baixa. "Sempre fui uma adolescente acima do peso. Como tinha seios muito
fartos, me sentia desproporcional e sempre recorria a dietas de todas as
formas e métodos de emagrecimento que no final não davam resultado. Com
o passar do tempo, fui percebendo que conseguia ser feliz sem focar nesses
aspectos e me aceitei", diz.
A nutricionista Patrícia Tomita Fan diz que a mídia tem um papel
muito importante para a divulgação de pesquisas úteis para a população,
mas a forma como alguns dados são divulgados pode levar as pessoas a tirar
conclusões precipitadas. "O público leigo nem sempre interpreta as informações
da maneira mais correta possível e faz uso delas de forma inadequada, o
que pode trazer riscos à saúde", afirma. É importante lembrar que a busca
pela beleza deve ser realizada de maneira saudável ou esse hábito pode
se tornar uma obsessão que prejudicará outros aspectos da vida e trará
conseqüências, como a desnutrição, a perda de nutrientes, a queda de cabelo
e até mesmo doenças mais graves, como a anorexia.
As mulheres que desejam ter um corpo esbelto rapidamente não conseguem
esperar por medidas que sejam eficazes. "Pessoas que se preocupam demais
com a aparência acabam fazendo qualquer coisa para mantê-la, correndo riscos
desnecessários, justamente porque elas buscam uma fórmula mágica que não
existe. O sonho delas seria dormir gordinha e acordar magrela no dia seguinte",
diz a psicóloga Olga Tessari. Segundo a esteticista Vanessa Teco, esse
erro é muito perigoso e comum entre mulheres que não conseguem controlar
o perfeccionismo. "Muitas pessoas chegam às clinicas com uma visão bastante
equivocada dos resultados dos tratamentos e principalmente quanto ao tempo
para se alcançar o resultado", explica.
Para a psicóloga Olga Tessari, o processo de desassociação da felicidade
do corpo perfeito não é fácil, pois são conceitos que muitas vezes
estão enraizados em nós mesmos. "É um caminho longo, uma fase de educação
mental e comportamental. Somente quando se entende que a beleza ultrapassa
questões físicas é que se pode começar a ser feliz", afirma.
Algumas mulheres que sofreram com a ditadura da beleza aprenderam
a lição com o passar dos anos. Como a técnica em logística Ana Longo, que
encontrou a beleza real que existe dentro de si. "Quando mais jovem, sofri
bastante por me sentir feia, pois era pequena e não muito vaidosa. Hoje
aprendi a reconhecer a minha beleza e valorizar meus pontos fortes", conclui.
Matéria publicada no Diário do Grande ABC por Camila Perrud, estudante
de Jornalismo da Un. Metodista SP em junho/2010
Obesidade - Bulimia-Anorexia - Adolescência - Amigos/Grupos - Ansiedade - Problemas de Relacionamento - Medos - Pais e Filhos - Autoestima - Depressão
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