Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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A busca sem limites pela beleza e pelo corpo perfeito pode trazer riscos
e danos à saúde
Lábios carnudos, seios empinados, bumbum durinho e medidas de modelo.
Basta ligar a tevê, folhear as revistas ou observar os outdoors para perceber
que são essas as principais armas de beleza e sedução das mulheres. Como
nem todas nascem com esses atributos ou se contentam com a maneira como
vieram ao mundo, a insatisfação com a aparência pode desencadear uma vaidade
desenfreada. Com isso, muitas mulheres (e homens também) estão se sujeitando
a procedimentos estéticos que nem sempre conseguem, em um passe de mágica,
transformá-las em princesas. Pior: muitas vezes, as deixam deformadas ou
com problemas de saúde – por causa de barbeiragens médicas, produtos perigosos
e irresponsabilidade delas próprias. Na tentativa de contornar a genética
ou driblar a lei da gravidade, vale tudo: cirurgias, implantes, preenchimentos,
lipoaspirações, escovas definitivas, bronzeamento artificial, remédios
para emagrecer, além de muita malhação.
EXERCÍCIOS FÍSICOS
OBJETIVO: Obter medidas perfeitas e se manter em forma. A nutricionista
Sylvia Gracie, 40 anos, malha todos os dias desde os 14 anos. Com
apenas 1,64 m de altura e 53 kg, ela sustentava 15 kg nas barras de costas
e 8 kg em cada caneleira. Sentia pontadas na coluna, mas nunca parou com
os exercícios, até que a dor atingiu o nervo ciático e a coluna travou.
RESULTADO: Hérnia de disco. Tentou fisioterapia, RPG, acupuntura
e antiinflamatórios. Para poder voltar a malhar, fez uma cirurgia e ficou
seis meses em recuperação. Hoje, modera nos pesos.
ESCOVA PROGRESSIVA
OBJETIVO: A paulista Ariane Rodrigues, 23 anos, sonhava em ter cabelos
lisos e se livrar para sempre da chapinha e do secador. Submeteu-se
num salão de beleza a uma escova progressiva com formol, um produto perigoso,
apostando que voltaria para casa com fios brilhantes e resistentes.
RESULTADO: Gânglios inflamados durante quatro dias. Dores fortes de cabeça,
náuseas e feridas no couro cabeludo. Ariane teve de ser internada e ficou
em observação durante seis horas. Precisou tomar remédios durante 20 dias
e as madeixas lisas só duraram duas semanas. A estudante ainda perdeu 50%
do volume do cabelo. Os fios partiram-se e ficaram desbotados.
Os procedimentos estéticos que eventualmente deixam marcas nas mulheres
também podem acontecer longe de hospitais e clínicas de saúde. Às vezes,
uma simples visita ao cabeleireiro pode trazer um problemão. O vilão dos
salões de beleza é o formol. A ANVISA proíbe a presença da substância química
nas fórmulas dos produtos usados para fazer escovas progressivas, mas nem
sempre cabeleireiros respeitam a medida. O formol é usado porque é eficaz
no alisamento de fios e dispensa outros produtos, mais caros, como a amônia,
na fórmula. Em março de 2007, a goiana Maria Ení da Silva morreu após uma
escova progressiva. No produto aplicado em seus cabelos havia 20% de formol,
conforme laudo.
A paraibana Juliana Santos, 24 anos, também sofreu em sua busca por
madeixas lisas. Ela ficou com o pescoço inchado e duro, logo após fazer
uma escova progressiva, em junho. "Depois soube que tinha formol na fórmula",
diz ela. "No dia seguinte, eu estava um monstro, com o rosto todo inchado."
Para melhorar, a estudante tomou corticóides e medicação intravenosa durante
duas semanas. Teve uma reação alérgica e quase foi vítima de um edema de
glote. A internet virou uma perigosa terra sem lei para proliferação desses
casos. De forma irresponsável, comunidades no Orkut divulgam fórmulas caseiras
para a escova progressiva e a novidade tem feito a cabeça de garotas, que
se expõem por desinformação e por irresponsabilidade ao formol.
BIOPLASTIA
OBJETIVO: a nutricionista Beatriz Guedes, 50 anos, queria atenuar a linha
de expressão ao redor dos lábios.
RESULTADO: o Meta Crill, produto usado para o preenchimento, se deslocou
do local aplicado e formou dois nódulos nos lados direito e esquerdo dos
lábios. Anos depois, surgiu uma inflamação terrível. Há mais de um ano,
ela toma antiinflamatórios e já passou por uma cirurgia para a retirada
de um abscesso.
Na maioria das vezes, essas pessoas estão atrás de pequenas mudanças
e se deparam com grandes problemas. É o caso da nutricionista Beatriz Guedes,
50 anos. Há quatro anos, ela decidiu eliminar a ruga de expressão ao redor
dos lábios. Com a idade, essa marca fica mais profunda e torna mais nítida
a passagem do tempo. Para isso, recorreu a uma técnica de preenchimento
estético (aplicação de substâncias com o objetivo de eliminar rugas, sulcos
e pequenos defeitos na pele). Sem conhecer nada sobre o assunto, comprou
gato por lebre. "O médico me disse que aplicaria um produto que seria absorvido
pelo organismo e só três anos depois eu soube que era Meta Crill", diz.
O Meta Crill é o nome comercial do polimetilmetacrilato (PMMA), uma substância
sintética. Um ano após a aplicação, surgiram duas bolinhas ao lado
de seus lábios. Beatriz não se incomodou e conviveu bem com elas por dois
anos. Até que a região inflamou. "Foi aí que começou meu calvário", conta.
Para debelar a inflamação, Beatriz tomou injeções de corticóide, cortisona
e antiinflamatórios por um ano. Além disso, fez uma cirurgia para extrair
um abscesso. Ainda com inflamações, Beatriz reconhece que seria mais fácil
conviver com sua ruga a enfrentar as dificuldades de hoje. "Não preciso
nem dizer que me arrependi, né?"
E, infelizmente, sua luta pode durar para sempre, pois o produto aplicado
em seu organismo não é absorvido. Sem saber, no dia que eliminou a
sua ruga, Beatriz passou por uma bioplastia – conhecida como "plástica
sem cortes". A técnica promete contornos perfeitos com uma ou duas agulhadas,
além de eliminar os riscos das cirurgias e dispensar pós-operatório. O
produto é injetado na pele ou no músculo e prontamente moldado pelo médico.
É utilizado com fins estéticos há dez anos. Só no Rio de Janeiro, são usados
60 litros do produto por mês. Apesar de ser licenciado pelo Ministério
da Saúde e pela ANVISA, o PMMA é uma substância perigosa se aplicada em
locais como boca, bochecha e bumbum. Entre os possíveis problemas estão
a migração do produto para outro local do corpo, como aconteceu com Beatriz,
inflamação, inchaço, reação alérgica e necrose de tecidos – neste caso,
conseqüência da aplicação errada. "A bioplastia é uma bomba de efeito retardado.
Se ainda não deu problema, vai dar", arrisca-se a dizer Carlos Alberto
Jaimovich, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Segundo ele, há casos de aplicações malsucedidas até mesmo quando realizadas
por profissionais habilitados como cirurgiões.
BRONZEAMENTO ARTIFICIAL
OBJETIVO: A estudante de hotelaria Andréa Santos Lindner pretendia manter
o bronzeado em dia.
RESULTADO: Após sessões de bronzeamento artificial, Andréa teve 90%
do corpo queimado – apenas couro cabeludo, palma das mãos e palma dos pés
não sofreram danos. Por causa das queimaduras de segundo grau, ela precisou
ficar em coma induzido para suportar o tratamento. Foram 40 cirurgias em
um período de 90 dias, tempo que permaneceu internada. Ela ainda não leva
uma vida normal.
Mesmo procedimentos considerados "inofensivos" e não-invasivos, como bronzeamento artificial,
podem trazer conseqüências graves. A estudante de hotelaria Andréa Santos
Lindner, 34 anos, queria apenas dar manutenção ao tom bronzeado da pele
porque, apesar de morar no Rio, não era de freqüentar a praia. Para manter
o corpo dourado, recorria ao bronzeamento artificial. Pouca gente sabe,
mas a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) condena formalmente o
procedimento, que pode causar envelhecimento precoce e câncer de pele.
Em março passado, Andréa fez sessões em dois dias seguidos, o que não é
recomendável, e teve 90% do corpo queimado. Ainda não se sabe o que aconteceu.
Suspeita- se que ela tenha feito mais sessões que seu corpo suportaria
ou em intensidade superior à indicada.
Instruída a não dar entrevistas por seu advogado, ela resume, por
telefone, a dura rotina e a experiência passada com apenas duas frases.
"Ainda estou em tratamento e não posso com o sol, nem mesmo com a claridade",
diz ela. "Foi um susto." Andréa move processo cível contra a clínica Marli
Machado, na Barra da Tijuca, no Rio, onde fez as sessões, e seu advogado
aguarda a conclusão dos laudos referentes à máquina de bronzeamento e à
pele de sua cliente para decidir se move processo criminal. Na época, a
dona da clínica disse que Andréa era muito vaidosa e que ela, anteriormente,
havia procurado o local com a intenção de fazer sete sessões de bronzeamento
artificial seguidas. A informação não foi confirmada pela família de Andréa.
No caso de Andréa, não é possível afirmar que ela sabia dos riscos que
corria. Mas a funcionária pública Claudia Abreu, 42 anos, por exemplo,
se arriscou para não perder um dia de praia. Após uma sessão de depilação
a laser que a deixou com feridas, ela resolveu surfar usando protetor solar.
A pele ficou ainda mais irritada e Claudia cometeu outra imprudência. Passou
auto-bronzeador no local da queimadura para esconder as manchas. Um erro
grave. "Não se pode tomar sol, nem colocar produtos químicos em uma pele
em fase de cicatrização", alerta Jackeline Mota, diretora regional da Sociedade
Brasileira de Dermatologia (SBD).
IMPLANTE DE SILICONE
OBJETIVO: A capixaba Sheyla de Almeida, 28 anos, dona dos maiores seios
do Brasil, queria inserir 3,5 litros de silicone em cada mama, mas
o seu cirurgião, Elias Kuster, diz que ela está no limite com 1,6 litro.
Ela se submeteu a 17 procedimentos médicos, entre preenchimentos na face,
cirurgia no nariz, silicone nas nádegas e retirada de costelas. Não quer
ter outro filho para não perder a plástica no abdômen.
RESULTADO: Com 3,2 litros de silicone nas mamas, ela sente fortes dores
nas vértebras, principalmente durante o período menstrual. Ao longo
dos anos, a modelo – que mede apenas 1,58 m – corre o risco de sofrer graves
danos na coluna. O silicone também pode prejudicar a detecção de um câncer
na fase inicial. Ciente dos riscos, ela pretende reduzir a prótese para
400 ml aos 40 anos.
REMÉDIOS PARA EMAGRECER
OBJETIVO: O paulista Daniel Lima, 29 anos, queria perder peso. Em outubro
de 2006, ele pesava 96 kg, com 1,85 m de altura. Na busca por um resultado
rápido, começou a se medicar por conta própria. Mesmo sem consultar um
médico, teve acesso à substância sibutramina, um inibidor de apetite e
estimulador da saciedade. Ele mesmo determinou a dosagem.
RESULTADO: Perdeu dez quilos em um mês. Nos primeiros dias, sentiu
secura na boca, diúria e taquicardia.
Entre os insatisfeitos com a imagem, os que sofrem o maior bombardeio
de soluções mágicas são os que estão acima do peso. Muitas vezes, o desespero
faz com que eles apelem para todo tipo de remédios, fórmulas e dietas.
A estudante de nutrição Diana Neves, 24 anos, é exemplo de quem já tentou
quase tudo para emagrecer. Aos 16 anos, se submeteu a uma dieta de apenas
300 calorias por dia, eliminando carboidrato e gordura. Perdeu 13 kg em
um mês, mas pagou um preço alto. Dois anos depois, teve que operar a vesícula,
lesionada pela alta restrição alimentar. Sem poder continuar a dieta, partiu
para um coquetel de medicamentos, anfetaminas e fórmulas, que misturavam
hormônios, antidepressivos e inibidores de apetite. "Trabalhei a minha
auto-estima, perdi oito quilos e não engordei mais", diz. Apesar de estar
longe das medidas perfeitas – com 1,58 m de altura e 80 kg –, Diana conseguiu
aceitar seu corpo trabalhando sua mente. "Hoje, consigo ir à praia com
as minhas amigas magras", comemora. "Estas fórmulas levam a um falso emagrecimento,
pois eliminam músculos. Quando a medicação é suspensa, os pacientes engordam
ainda mais", alerta Amélio Godoy- Matos, ex-presidente da Sociedade Brasileira
de Endocrinologia.
Uma pesquisa das Universidades Federal e Estadual do Rio de Janeiro aponta
que não são só as gordinhas que recorrem aos remédios para emagrecer.
O estudo revela que 20% das mulheres que já tomaram medicamentos para emagrecer
estavam abaixo do índice de gordura indicado. Segundo especialistas, o
problema está também na sociedade de hoje. "A partir da década de 80, com
a proliferação das academias de ginástica e o culto ao corpo malhado, a
vaidade passou a ser determinante para a inserção social do indivíduo",
explica Rejane Sbrissa, psicóloga, especialista em transtorno alimentar.
EXERCÍCIO
Ícone da malhação dos anos 80, Jane Fonda fez cirurgia por excesso de
ginástica
A busca pela beleza a qualquer preço também alcança celebridades.
As atrizes sentem como ninguém a pressão para estarem bonitas sempre, independentemente
do passar dos anos. E, muitas vezes, erram na escolha do procedimento e
do profissional. No caso delas, se der errado, pode resultar também na
perda de contratos profissionais. A atriz americana Meg Ryan, 45 anos,
está com o rosto visivelmente diferente e os especialistas acreditam que
ela fez um preenchimento malsucedido, pois ela surgiu, de repente, com
lábios e bochechas inchados. Ou seja, além de não disfarçar a idade, a
intervenção, claramente exagerada, mudou as feições da atriz. Segundo o
jornal The Washington Post, ela estaria perdendo trabalhos por causa da
aparência. Outra atriz vítima da vaidade, Jane Fonda, 69 anos, conviveu
por 25 anos com anorexia e bulimia – transtornos alimentares – e recentemente
teve de se submeter a uma operação no quadril após uma crise de osteoartrite,
desencadeada pelo excesso de atividades físicas. Fonda era ícone da malhação
nos anos 80.
Segundo Carlos Alberto Jaimovich, há pessoas com fixação por beleza
e juventude, independentemente de classe social, nível cultural e formação.
"Quando a pessoa bota na cabeça que quer rejuvenescer, ela acredita no
primeiro produto que aparece na sua frente e deixa para trás todo o bom
senso", diz ele.
Para retardar o envelhecimento, a jornalista Glória Maria, idade não revelada
e 35 anos de carreira, cuida do corpo com caminhadas, ioga e pilates e
usa "um monte de cremes" para renovar a pele e as células. Além disso,
toma 60 pílulas naturais por dia e uma sopa "milagrosa" feita com ninhos
de um pequeno pássaro asiático que traz da China e Tailândia. "Se ouço
dizer que faz bem e é natural, eu tomo", diz ela, sem se preocupar com
o fato de os produtos não serem reconhecidos pelo Ministério da Saúde.
É importante ressaltar que a vaidade em si não é pecado – o problema é
quando o sentimento começa a pôr em risco a saúde da pessoa. "Quem
é excessivamente vaidoso precisa ouvir muitos elogios dos outros, pois
quer ser aceito pela beleza. A vaidade saudável não necessita dessa aprovação
externa", diz a psicóloga Olga Tessari.
Matéria publicada na Revista Isto É - Edição 1993 - Matéria de Capa
por Carina Rabelo e Cláudia Jordão em 16/01/2008
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