Olga Tessari

O prazer do medo

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página

Vai uma dose de medo aí? Tem gente aceitando! 

Afinal de contas, um terrorzinho aqui outro ali não faz mal a ninguém. Pelo contrário. Dá o maior barato. Seja assistindo a filmes de terror, andando em montanhas-russas, entrando em corridas de carro ou praticando esportes radicais. 

O que não falta é gente correndo atrás do medo, para depois encontrar... o prazer! Existe uma resposta fisiológica para isso, mas, além das explicações científicas, um outro segredo rege os adeptos do terror: a satisfação em superar os limites. Mas será que esse tipo de prazer é saudável? Será que vicia? E quando a brincadeira excede os limites, como fazer? 

Nos parques de diversão, as maiores filas costumam ser a dos brinquedos mais aterrorizantes. "Eu não gasto o meu tempo com roda-gigante ou com bate-bate. Prefiro repetir milhões de vezes a montanha-russa ou aqueles que simulam queda-livre", diz a jornalista Camila Pereira, de 23 anos. "Dá muito medo! Mas é um medo seguro. Por isso que montanha-russa faz tanto sucesso: é uma oferta da sensação de medo com segurança total", acredita Camila. 

Se a questão é a segurança, não devia haver tanta repulsa aos filmes de terror. Todo mundo sabe que o Fred Kruger não vai pular do telão e se materializar na sua frente - sem chance! Mas não tem jeito. É por isso que, quando se trata desse gênero, é oito ou oitenta: amam ou odeiam. A estudante Fernanda Zenteno, de 21 anos, diz que só se envolve quando o conteúdo do que se passa na tela é de arregalar os olhos: "Os filmes de terror me transportam para a tela, eu vivo o que está acontecendo. Com romances e comédias eu até me emociono, claro, mas não fico tão ligada, excitada, conectada com o que rola nas cenas, e é isso que eu adoro!", conta ela. 

Do medo ao prazer 

Afinal, por que será que o terror encanta tanto? De onde vem o prazer se, na verdade, o medo nos causa nervosismo, inquietação e mal-estar – e por que não xixi na calça, dor de barriga, vômitos? Por mais estranho que pareça, isso tem uma explicação. "Quando o nosso cérebro reconhece uma situação de perigo, o sistema nervoso simpático é ativado e libera substâncias chamadas adrenérgicas, que preparam o nosso corpo para reagir. É por isso o coração bate mais forte, bombeando mais sangue, as pupilas dilatam, ficamos mais alerta e os vasos se contraem", explica o médico Thiago Vargas. "Isso gera uma sensação ruim, que é imprescindível para a sobrevivência, mas não dá prazer", complementa ele. É no final desse processo que o "barato" começa: "Quando a sensação de tensão passa, substancias diferentes são liberadas, as opiódes, que trazem a sensação de bem-estar, relaxamento e calma", explica o doutor. 

O medo é uma forma de o ser humano se proteger contra os perigos iminentes. "Nós fomos moldados, através da seleção natural, a nos adaptar a uma situação de risco. Quem não tinha o estímulo para correr rápido quando se deparava com um leão, por exemplo, morria", esclarece Thiago. Segundo a psicóloga Olga Inês Tessari, ultrapassar os próprios limites, mais que uma vontade, é uma necessidade do ser humano. "Apesar de o medo funcionar como um sistema de segurança, o homem também sente a necessidade de ir além. É por isso que a humanidade está sempre se superando, fazendo invenções, criando tecnologia", explica ela. 

Loucura com segurança 

Para algumas pessoas não basta somente um esporte radical, não. Tem gente que pratica rapel, rafting, surf, bangee jump, escalada e mais a aventura que vier pela frente. É o caso da atleta e apresentadora de TV Dani Monteiro, que aliás, como se não bastasse, é tri-campeã de windsurf. Ela explica porque o perigo a fascina. "A sensação de autoconfiança que a superação de limites te traz acaba influenciando os outros âmbitos da sua vida. Você fica mais segura para agir, seja qual for a situação", diz ela. Você deve estar pensando "quem me dera ter essa coragem!", mas saiba que o melhor amigo da bravura é justamente o medo. "Todo dia passa pela minha cabeça que algo pode dar errado. E isso não só é normal como é a regra número um! Quem se sente o super-homem e elimina qualquer chance de acidente acaba se dando mal. E aí aprende rápido a lição", diz Dani. 

Parece contraditório, mas praticantes de esportes radicais, aprendem a respeitar os seus limites. "Minhas aventuras me mostraram onde estão minhas limitações, tanto físicas quanto psicológicas. Eu não sabia que tinha medo de altura, por exemplo. Até que um dia subi numa ponte pra saltar de bangee jump", conta Dani. Se ela saltou? Sim. E não parou mais. Perigoso. Parece loucura. No entanto, a psicóloga Olga Inês afirma que, se for pela própria vontade, o risco pode ser até mesmo saudável. Afinal, o ser humano foi feito para buscar o prazer. 

Matéria publicada no site Bolsa de Mulher por Laura Jeunon em março/2005

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