Comportamento imprudente! 

O Brasil participou do encontro internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça, realizado entre os dias 23 e 29 de abril deste ano. O tema em discussão foi sobre como prevenir acidentes de trânsito. 

O Brasil levou para a assembléia uma recente e inédita pesquisa do Ibope, que revelou que um a cada cinco jovens brasileiros de idade entre 16 e 17 anos já dirige mesmo sem poder ter carteira de habilitação, sendo muitas vezes auxiliado pelos pais. A coordenadora da pesquisa, Nereide Tolentino, 65, afirma que os pais poderiam auxiliar na redução de números de acidentes. "Há uma clara conivência dos pais nesse comportamento imprudente", diz. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de 400 mil jovens em todo planeta morrem vítima de acidentes de trânsito por ano. Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) também informam que dos 26.409 mortos no trânsito do Brasil em 2005, 27% tinham entre 18 e 29 anos. 

A análise que recebeu o nome de "O Jovem e o Trânsito", foi feita com mil jovens entre 16 e 25 anos nas cinco regiões do Brasil. O Ibope também apurou as reações e os comportamentos dos jovens frente ao volante do motorista. A estudante Michelle Alves, 20, começou a dirigir quando tinha apenas 16 anos de idade e até hoje dirige sem ter habilitação. Seu ex-namorado foi o responsável por ensiná-la a conduzir seu carro durante uma viagem do casal para a praia. "Sempre tive vontade de dirigir, não tenho medo de pegar o carro", afirma Michelle. 

A maioria dos pesquisados, cerca de 88%, admitiu que os jovens realmente andam mais rápido do que o normal, sendo para eles a adrenalina (37%) e a bebida (30%) os maiores motivos. 

Para a psicóloga Olga Tessari, todo jovem gosta de buscar adrenalina naquilo que lhe falta prática. Ela completa dizendo que está na vida do jovem a idéia de enfrentar novos desafios. 

Outro dado bastante revelador mostra que 90% consideram que andar acompanhado por um grupo de amigos causa um comportamento de risco no trânsito mais perigoso. "O jovem quer se exibir, mostrar que ele é bom no volante e sabe dirigir", afirma Olga Tessari. Para Michelle Alves "muitos aprendem a dirigir para se mostrarem para os outros. Eu aprendi porque tinha preguiça de andar". Muitas vezes este exibicionismo leva estes jovens a uma tragédia. 

Quando o que entra em pauta é a punição, os jovens não escondem e dizem que a multa para eles não resolve, sendo na maioria das vezes pagas pelo próprio pai. 

Do total de entrevistados, 55% declarou que a fiscalização eletrônica é mais eficiente que a humana. Nereide Tolentino faz questão de lembrar, "Menor dirigir sem carteira é crime". 

Matéria publicada no site do Padre Marcelo por Evandro Leite

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