Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Mães solteiras e separadas sofrem!
Depois de dar à luz uma criança, as mães sempre ficam muito sensíveis
e emocionalmente frágeis, pois precisam aprender a lidar e a cuidar
de um ser muito pequeno, com quem criará laços afetivos muito fortes pelo
resto da vida. A situação piora consideravelmente quando elas são mães
solteiras ou enfrentam uma separação antes ou logo após a chegada do nenê.
E, cá entre nós, dar conta de uma criança, tocar a carreira e ainda ter
tempo para cuidar de si mesma, sem o apoio e a presença do pai, não é nada
fácil. Como elas arrumam forças e se equilibram emocionalmente para enfrentar
o problema? Será que a criança criada só pela mãe pode ter problemas de
relacionamento? Como fica a vida pessoal quando a prioridade é sustentar
o filho e comandar a sua educação?
Carolina Barbosa, 26 anos, produtora de eventos, sabe bem como é difícil
organizar a vida diante da ausência do pai. Mãe de Alice, de 8 anos,
e Francisco, de 4, ela se separou do marido após o caçula completar seis
meses. "Foi bem difícil no começo. Eu tinha de impor limites, organizar
a rotina deles. Ao mesmo tempo, é complicado você se descobrir solteira.
Tudo isso junto faz com que você tenha de encontrar uma identidade. Mães
costumam ser um poço de culpa, e essa situação fez a minha triplicar",
conta. Para superar as dificuldades, Carolina foi atrás de uma rede de
apoio. "Minha família é muito importante. Meu pai me ajudou financeiramente,
minha mãe dorme na minha casa quando quero sair e ainda tenho uma pessoa
que me ajuda durante os dias da semana, pois preciso trabalhar ainda mais
para segurar a onda sozinha", afirma ela.
O começo é muito difícil, pois é preciso lidar com o fim do relacionamento
e a educação da criança. Apesar de ter de enfrentar tudo isso, a gente
sabe que em primeiro lugar sempre vem o filho As mesmas dificuldades assombraram
a funcionária pública Luciana Porcedda, 39 anos, mãe de Ítalo, de 3. Ela
havia acabado de voltar ao Brasil após uma temporada de estudos e trabalho
nos Estados Unidos, onde conheceu o pai do bebê, com quem ficou por dois
anos. "Quando meu filho completou quatro meses, tive de voltar ao Brasil
para reassumir meu emprego, enquanto o pai continuou por lá. Minha intenção
era trabalhar aqui por mais dois anos e voltar para lá, mas nesse meio-tempo
o pai arrumou outra mulher e, então, terminamos o relacionamento", conta
ela. Ao se ver sozinha com o filho, precisou se reorganizar. "O começo
é muito difícil, pois é preciso lidar com o fim do relacionamento e a educação
da criança. Apesar de ter de enfrentar tudo isso, a gente sabe que em primeiro
lugar sempre vem o filho", ressalta.
Segundo a psicóloga Olga Tessari, autora do livro "Dirija Sua Vida sem
Medo" (Ed. Letras Jurídicas) e do site www.ajudaemocional.com, a força
feminina num momento como este vem do instinto de proteção, por saber que
o bebê depende dela para sobreviver. "O organismo colabora para isso. A
sensibilidade da mulher permite que ela ouça os menores ruídos que o bebê
fizer e todos os seus sentidos ficam aguçados ao extremo. É por isso que
o filho passa a ser a coisa mais importante de sua vida", observa.
Toda mãe tem medo de não ser boa o suficiente para o seu filho, de não
cuidar dele adequadamente e, na mãe solitária, estes medos são mais
presentes do que nas mães que contam com um marido/provedor. Do ponto de
vista psicológico, diz a Olga, a mulher pode até estar em frangalhos, mas
seu instinto não permite que ela deixe o filho à míngua: ela vê no cuidado
da criança a força para seguir em frente, justamente por perceber que o
filho depende dela para sobreviver. "Claro que ela tem seus momentos de
tristeza, mas supera-os ou pelo menos deixa-os de lado rapidamente por
conta até da falta de tempo para pensar em suas mazelas. É como se, nesse
momento, ela desse uma pausa em sua vida para cuidar do bebê. E é o que
vemos muitas vezes: mulheres que anulam-se por conta de seus filhos", comenta.
Mãe presente
Sentir medo de não dar conta do recado é mais comum do que se imagina.
"Toda mãe tem medo de não ser boa o suficiente para o seu filho, de
não cuidar dele adequadamente e, na mãe solitária, estes medos são mais
presentes do que nas mães que contam com um marido/provedor, como se ele
lhe desse a proteção de que ela precisa para poder cuidar bem do seu filho
sem se preocupar com mais nada além dele. Afinal, por ela ter que arcar
com as despesas da casa e também cuidar do filho, a sobrecarga de cobranças
internas aumenta", sublinha a psicóloga.
Em outras palavras, com receio de não conseguir arcar com tudo sozinha,
a mãe acaba se impulsionando no sentido de não faltar nada para o filho
e de proporcionar uma boa vida a ele. Criar uma rotina para conciliar o
filho com o trabalho não é fácil para essas mães, mas elas sempre acabam
dando um jeitinho. Carolina, por exemplo, faz questão de tomar café da
manhã e ajudar as crianças no dever de casa antes de sair para o trabalho.
À noite, ainda arranja fôlego para contar histórias e colocá-los para dormir.
"Depois de tudo isso, caio na minha cama, exausta", confessa. Nos dias
de folga, procura incluir as crianças nos programas. O mesmo é feito por
Luciana, que inclui o filho em quase tudo o que faz nos finais de semana.
"Dificilmente faço alguma coisa em que eu não possa levar o Ítalo", ressalta.
A falta do pai não significa, é claro, que ele nunca vá dar bola para
as crianças. Uns são mais presentes, outros nem tanto. "Minha filha mais
velha teve pneumonia e permaneceu uma semana internada no hospital. Dos
sete dias, fiquei seis. O pai, só um. Tive de avisar que iria faltar ao
trabalho e fiquei com ela o tempo todo", relata Carolina. Já Luciana teve
mais sorte. O pai de Ítalo, que hoje mora em Londres, mantém com ele uma
ótima relação, mesmo à distância. "Ele telefona sempre, conversa com nosso
filho, vem ao Brasil para as festinhas de aniversário, viaja com ele e
ainda participa da educação. É engraçado, pois o Ítalo tem uma ligação
muito forte com ele e o obedece sem contestar. Foi graças a um pedido do
pai que ele largou a fralda e começou a usar a privada. A batalha, agora,
é fazê-lo largar a chupeta", diverte-se.
Alguns pais, infelizmente, não assumem seu papel e ignoram a criança.
"Infelizmente isso existe, mas a presença do pai também é muito relativa.
O pai pode estar presente e não dar a mínima para o filho", opina Luciana.
Para ela, mesmo com o monte de dificuldades da vida de mãe solteira, é
possível enxergar o lado positivo da coisa. "O bom de criar o filho sozinha
é que o que você fala é lei. Com outra pessoa, é mais complicado. O pai
tanto pode ajudar quanto ficar enchendo o saco com palpite. Às vezes, até
tira a autoridade da mãe. Criando sozinha, não há choque", avalia.
É muito comum ouvir mães relatarem que seus ex-companheiros são ótimos
pais, embora tivessem sido péssimos parceiros. E cabe à mãe jamais denegrir
a imagem do pai para seus filhos.
O papel do pai
Antes de impor ao pai da criança a necessidade de estar presente, é necessário
saber se ele está realmente disposto a conviver com o filho e a acompanhar
seu crescimento e desenvolvimento. "Se o pai não quiser participar, é melhor
que permaneça distante e sem contato porque, ao estar com o filho, ele
vai demonstrar a sua indiferença ou irritação por não querer estar ali,
o que pode gerar problemas emocionais por conta do filho se sentir rejeitado
pelo pai", recomenda Olga Tessari. Mas, se o pai quer participar, então
deve manter uma constância no seu contato, encontrar-se com o filho pessoalmente
sempre que possível, saber de sua vida e acompanhar o seu desenvolvimento.
"Nesse sentido, a relação da mãe com o pai deve ser, pelo menos, cordial,
porque ex-casais que têm conflitos nem sempre conseguem separá-los dos
cuidados com o filho e, muitas vezes, acabam até usando o filho como instrumento",
alerta a psicóloga.
O problema, em geral, não está na ausência física do pai, mas na
maneira como a mãe lida com esta ausência, o que pode ser fundamental na
formação emocional da criança. Mães que sentem a falta do homem com quem
elas se relacionaram, que não aceitam o fato de estarem separadas dele
e que atribuem à separação a maioria de seus problemas atuais podem colaborar
para que seus filhos apresentem problemas. Isso acontece porque eles terão
na imagem do pai uma pessoa que faz sua mãe sofrer, o que pode gerar problemas
de relacionamento com a figura masculina ou mesmo dificuldade de se relacionar
com o pai no futuro.
Um bom relacionamento com ex é fundamental, mas nem todas as mulheres
conseguem mantê-lo. Em suma, os filhos lidarão bem com a ausência
do genitor se a mãe souber lidar com ela também. É importante notar que
os filhos aprendem a lidar com a realidade através da mãe. Portanto, de
acordo com Olga Tessari, ela deve ter bem claro que uma coisa é a relação
homem-mulher que terminou; outra, bem diferente, é a relação pai-filho,
pai-mãe, que continuará pela vida afora. "É muito comum ouvir mães relatarem
que seus ex-companheiros são ótimos pais, embora tivessem sido péssimos
parceiros. E cabe à mãe jamais denegrir a imagem do pai para seus filhos",
recomenda.
Vida própria
Ser mãe sozinha tem suas dores e delícias, mas na maioria das vezes é
preciso força para manter os pés no chão e a auto-estima lá no alto.
Se você está passando por isso, procure não se lamentar ou culpar ninguém,
nem a si mesma, tampouco atribuir à falta do pai os seus problemas. Se
a situação apertar, vale a pena buscar ajuda de familiares e amigos, que
podem dar um suporte em momentos de dificuldade ou simplesmente cuidar
da criança quando você tiver algum compromisso. Falando nisso, é fundamental
ter tempo para si mesma! "É importante ter amigos e uma vida social. Afinal,
mais cedo ou mais tarde, o filho vai crescer e seguir seu caminho. O que
será de uma mãe que anulou toda a vida por causa dele?", questiona Olga
Tessari.
Matéria publicada no site Bolsa de Mulher por Ana Luiza Silveira em 08/08/2008
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