Olga Tessari

Língua solta

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página

"Todo mundo faz comentários sobre a vida alheia. A vontade de passar informações adiante faz parte do ser humano" 
Olga Tessari, psicóloga. 

É comum o ser humano observar o comportamento alheio. Seja para aprender, copiar ou se basear nele para mudar a sua própria conduta, ou até mesmo a própria vida. É com a observação que se percebe o diferente, o bizarro, o excêntrico e o que foge do protótipo. A partir disso é eu começam as trocas de opiniões sobre o que foi observado. "Todo mundo faz comentários sobre a vida alheia. A vontade de passar informações faz parte do ser humano. É uma ação natural e normal, mas na maioria das vezes nos esquecemos do outro e não medimos as consequências das nossas palavras", diz a psicóloga e escritora Olga Tessari. 

Em geral, fofocar é falar a respeito da vida de uma pessoa. Pode ser em relação à sua forma de se vestir e se comportar ou sobre o que fez de inusitado, ousado e fora dos padrões. O falar é bem diferente de questionar a reputação ou o caráter de alguém. "A fofoca, por sua vez, nada mais é do que maldizer um indivíduo, seja porque ele transgride as regras, constitui uma ameaça aos padrões impostos socialmente ou porque existe apenas o desejo de difamar a imagem dessa pessoa por inveja ou medo", explica a psicóloga. 

De acordo com o dicionário, a fofoca é a afirmação não baseada em fatos concretos com a intenção de enganar ou transmitir falsa impressão de uma pessoa. 

Foi o que aconteceu na vida real com Alice, há algum tempo. Conforme ela, uma mera conhecida passou a difamar sua vida e inventou histórias absurdas a seu respeito. A fofoqueira fez ligações anônimas para o marido de Alice, Rafael, e afirmou que sua esposa o traía e sustentava o suposto amante. Além disso, exigiu que ele tomasse providências a respeito do assunto. Todas essas ligações eram feitas nos momentos em que Alice estava em seu horário de trabalho. A situação ficou insustentável e Rafael contou o ocorrido para a esposa. Esta, por sua vez, passou a investigar o caso. Além dos telefonemas, a mulher também mandou mensagens via celular para Rafael, caluniando Alice. Para a sorte da vítima, foi a partir desse número de celular que ela conseguiu fazer o boletim de ocorrência na delegacia e descobriu quem era a fofoqueira. Com isso Alice pôde processar a difamadora por calúnia, difamação e perturbação de sossego e moral. Sem condições financeiras para pagar tais danos, a pessoa presta atualmente, serviços a comunidade. 

Segundo Olga, a necessidade da fofoca nos casos em que pessoas prejudicam a imagem de outras está ligada, em geral, ao sentimento de inferioridade e à baixa autoestima. "No entanto, alguns sentem prazer em falar da vida alheia apenas por diversão, enquanto outros se preocupam em saber e relatar as fofocas porque consideram a sua própria vida monótona." Em muitos casos, o ato de fofocar faz com que a pessoa se sinta parte de um determinado grupo. "Aqueles que vivem querendo agradar são extremamente carentes e desejam compartilhar a informação que receberam para se sentirem parte de uma turma. Isso ocorre porque se consideram deixadas de lado e, por isso, se tornam fofoqueiras", explica a psicóloga. 

De acordo com a especialista, dependendo do que o fofoqueiro diz, ele pode perder a confiança das pessoas à sua volta, que podem se afastar por temer a convivência com o "língua solta". "Portanto, a longo prazo, o fofoqueiro pode se sentir isolado ou solitário, sem contar que, em represália às fofocas, algumas pessoas podem querer se vingar do linguarudo, fazendo-lhe algo que pode gerar muito sofrimento", ressalta. 

Segundo a psicóloga, fofocar é uma atitude que está relacionada à personalidade de cada pessoa. Alguém invejoso desperta em si o desejo de prejudicar o próximo com a difamação, como uma forma de diminuir a pessoa de quem ela tem inveja. Enquanto isso, quem é vaidoso costuma ser orgulhoso e arrogante. Esses fatores podem leva-lo a fofocar. Já os egoístas são diferentes com seus semelhantes e a sua falta de escrúpulos pode leva-los a inventar mentiras ou fazer fofocas sobre os outros. Fofocar é um comportamento indelicado, faz mal e o fofoqueiro passa a imagem de não ter coisas mais importantes para fazer na vida, a não ser falar mal dos outros. Por isso, também é importante tomar cuidado com esse tipo de comportamento no ambiente de trabalho. "O fofoqueiro, dentro de uma empresa, pode paralisar o desempenho e ameaçar potencialmente a sobrevivência das relações de uma equipe por sua falta de ética. Para ele, é mais cômodo assistir ao trabalho dos outros colaboradores da empresa e apontar as falhas do que assumir riscos", explica Olga. 

Para se defender dessas leviandades que podem causar estragos enormes, muita magoa e amargura nos envolvidos, a psicóloga aconselha: "Tirar satisfações está fora de cogitação, até porque, na maioria das vezes, á a palavra de um contra a do outro. Então, o melhor mesmo é ignorar, pois dessa forma o fofoqueiro não consegue o seu intento. E, caso o fofoqueiro venha falar mal de alguém diretamente para você, elogie a pessoa que está sendo o alvo da fofoca e defenda-a. Esse é o antídoto certo para calar o fofoqueiro". E para quem sofre do mal de fofocar, existe tratamento psicológico para tal. Dessa forma, o fofoqueiro poderá descobrir os fatores que o levam a agir dessa maneira. "A pessoa irá aprender a lidar com eles e superá-los de forma que não necessite mais fazer uso de boatos para se sentir enturmado ou ter as atenções voltadas somente para si", como informa Olga Tessari. Fofocas, portanto, podem ser bem-vindas, desde que não prejudiquem a vida de ninguém. 

Matéria publicada na Revista Élégant por Emerson Roberto - Edição 11 (maio a julho/2012)

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