Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Por falar em saudade...
Embora há quem afirme que "saudade" é uma palavra portuguesa intraduzível para outras línguas, o fato é que ela é um sentimento universal.
Dizem que essa palavra portuguesa é intraduzível para outras línguas. Verdade ou mentira, o certo é que saudade é um sentimento universal.
Um cheiro ou uma música é capaz de despertá-la, evocando lembranças recentes ou do fundo do baú. Vocábulo de vastos significados pode emitir inúmeros sentimentos, até mesmo antagônicos. Quando bate no peito trazendo recordações positivas, é só curtir. Quem nunca sentiu saudades dos tempos descompromissados da infância, do primeiro namorado ou daquela viagem maluca com a turma da faculdade? Mas também desperta tristeza e sofrimento quando chega de repente trazendo à mente a imagem de alguém querido que já partiu ou que não vemos há muito tempo. Mas, afinal o que é saudade?
O termo vem do latim solitate, que significa solidão, falta de algo ou de alguém. Se comparada ao francês, espanhol e inglês, a palavra garante exclusividade na língua portuguesa, já nesses idiomas utiliza-se a expressão sinto sua falta, explicam Erika de Souza Bueno e Iris Verges, que trabalham na Planeta Educação atuando em programas educacionais. "Acontece, porém, que para nós saudade é muito mais que solidão, pois muitos são os apaixonados, por exemplo, que sentem saudades poucos minutos após terem se separado", destacam.
Saudade não tem idade
Vai entender sentimento tão complexo, que não tem forma ou cor e nem hora ou dia para aparecer. De acordo com a psicóloga Olga Inês Tessari, trata-se de um sentimento que faz parte da natureza humana, manifestando-se em algum momento da vida e relacionada a pessoas, fatos ou situações vivenciados no passado. Mesmo que esse passado foi ontem ou horas atrás, como no caso dos apaixonados ou da mãe que não vê a hora do final do expediente profissional para chegar em casa e matar as saudades do filhote.
Quando evoca boas emoções faz um bem danado ao corpo e à alma, fazendo o organismo liberar as chamadas endorfinas, hormônio do bem estar. Por conta desse benefício, a produtora de moda Soraya Ieda é estratégica. Costuma combater seus dias de baixo astral cheirando um perfume de pinho, aroma arquivado em sua memória olfativa por conta de um momento alegre vivenciado no colégio. "A saudade que brota ao vivenciar a cena muda meu humor", admite.
Driblando a dor da perda
Como nem tudo são flores na vida, a saudade é capaz também de acabar com o dia muita gente, pois pode vir à tona carregada de melancolia e tristeza. Bastava ver a foto do pai, falecido há três anos, para que a comerciante Marlene Spezinato caísse no pranto de tanta saudade. "Na época, retirei todos os portas-retratos que tinha em casa para não evocar esse sentimento, que doía na alma", explica Marlene, que hoje consegue administrar esse sentimento de forma saudável.
A psicóloga Ingrid Esslinger, com especialização em situações de perdas e luto, explica que quando perdemos alguém por morte, a saudade que traz tristeza é esperada, pois faz parte reorganizar a vida sem a presença da pessoa amada. Se com o passar do tempo a tristeza e o sentimento de falta ocuparem todos os espaços, impedindo a pessoa de viver o momento presente e ter planos para o futuro, daí é o momento de buscar ajuda, pois há que seguir em frente.
"Na base de uma saudade que pesa geralmente estão as relações de extrema dependência da pessoa que se foi ou relações ambivalentes, que geram intensos sentimentos de culpa", observa. Ela acrescenta, porém, que com o tempo, num curso normal e esperado, a saudade que pesa é aos poucos substituída por outra, que mantém o morto vivo dentro de nós, por meio do que foi vivido de bom e dos ensinamentos que ficaram.
O passado passou
A psicóloga Olga Inês Tessari adianta que há pessoas que sofrem com a saudade por se prender ao passado a ponto de paralisar suas vidas atuais. Em geral, isso ocorre porque elas não aceitam a realidade atual, seja porque foram felizes no passado e não o conseguem ser agora ou porque não se sentem capazes de recuperar algo ou alguém perdido.
"Nesse caso, a dor se deve ao fato delas se culparem pela perda", sugere. Para acabar com isso o melhor a fazer é parar de se lamentar, procurar eximir-se da culpa e buscar maneiras de melhorar o seu presente para que o sofrimento atual, em breve, possa se tornar apenas uma vaga lembrança.
"Só existe um jeito de administrar a saudade, que é não negando esse sentimento e tentando entender qual sua função em nossa vida", ensina Ingrid Esslinger.
Em outras palavras, tentando dar um sentido ao que foi vivido e perdido, sem contar que compartilhar a dor pela perda é algo fundamental para seguir em frente.
Cantada em verso e prosa, a saudade é tema recorrente na inspiração de poetas e compositores.
Veja abaixo trechos de músicas e poemas que tratam esse sentimento:
Chega de Saudade
(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Ai, que saudades que eu tenho dos meus 12 anos
(Chico Buarque)
Ai, que saudades que eu tenho
Duma travessura
Um futebol de rua
Sair pulando muro
Olhando fechadura
E vendo mulher nua
Comendo fruta no pé
Chupando picolé
Pé-de-moleque, paçoca
E disputando troféu
Guerra de pipa no céu
Concurso de pipoca
Saudade
(Pablo Neruda)
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
Saudade
(Clarice Lispector)
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Matéria publicada na Revista Coop por Ivanilde Sitta
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