Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Príncipe Encantado?
Encontrar o homem que vai realizar os seus desejos e não precisar de mais ninguém além dele. O laboratório de fantasias românticas de NOVA adverte: essa busca pode não passar de ilusão. Antes de abrir os braços para qualquer um e se machucar, saiba diferenciar um romance promissor de um pirateado. E acerte o alvo.
Ontem você assistiu à novela Sete Pecados, da Rede Globo? Então, deve saber que desde o começo da trama a personagem Beatriz (Priscila Fantin) está ávida para encontrar alguém para amar. Tanto que até faz um pacto sinistro com uma organização secreta a fim de conquistar o taxista Dante (Reynaldo Gianecchini), mesmo sabendo que o rapaz é casado. Outra história popular fala de uma moça que desejava intensamente viver uma paixão. Por isso, deixou este bilhete num local fácil de ser descoberto: "A quem encontrar: eu te amo". Será que elas estão no caminho do amor verdadeiro?
Trilha errada, sinto dizer isso a você.
São iniciativas excitantes, criativas, realmente irresistíveis, mas baseadas em ilusões. Aliás, muito parecidas com o que acontece bem debaixo do seu nariz, só que de maneira sutil. Há quem jure, por exemplo, amor eterno a alguém que nunca viu ao vivo, apenas pela internet. Ou fique loucamente apaixonada por um gato que conheceu na rave do último fim de semana e mal recebeu dele duas palavras. Na verdade, para quem anseia desesperadamente pelo amor, tanto faz o homem que encontra o bilhete - o primeiro da fila vira o seu Romeu. E esse é um grande erro. "Quantas vezes ouvimos de uma amiga a descrição do novo namorado como lindo, simpático e inteligente, e ao sermos apresentadas levamos o maior choque?", pondera a escritora e psicanalista Regina Navarro Lins, autora de A Cama na Varanda (Best Seller). É mesmo essa grande vontade de ter alguém do lado que muitas vezes conduz ao engano.
Talvez você tenha entrado em algumas roubadas, por também desejar um amor para chamar de seu, e agora quer ter certeza de que encontrará o homem certo. O primeiro passo é entender que paixão e amor romântico são sentimentos distintos do verdadeiro, embora freqüentemente confundidos. A principal característica do primeiro é a urgência; de tão poderosa, pode fazê-la ignorar as obrigações cotidianas, optar por escolhas radicais e muitas vezes penosas. Quem nunca ouviu falar em uma amiga que, de tão apaixonada, faltou ao trabalho, largou o emprego ou até abandonou a família só para ficar ao lado de um suposto príncipe encantado? Aliás, vários estudos já mostraram que esse comportamento é desencadeado por uma reação química no cérebro. E, quanto mais complicada for a história, mais intensa fica a paixão, pois certa dificuldade a torna parecida com o que a gente vê no cinema e sonha acordada.
Já o amor romântico, mesmo sendo poético, não é construído com alguém de carne e osso, e sim com base na imagem que idealiza para ele. Provoca em você a ilusão de um amor verdadeiro porque traz belas roupagens e repete imagens que absorveu desde criança, talvez até assistindo às novelas, lendo um livro bonito. Não por acaso, se diz por aí que ele acaba junto com a lua-de-mel. E, por desejar tanto vivê-lo, às vezes você não enxerga o óbvio: que o outro não é bem o parceiro ideal ou tem outros objetivos muito diferentes dos seus. Por exemplo: já reparou quantos casais famosos se separam de repente, mesmo depois de aparecerem nas fotos como dois pombinhos? Na certa, eles também acreditavam se tratar de amor. Só que, em determinado momento, o romance idealizado deu lugar à vida real.
Razões para se enganar
O verdadeiro sentimento, ao contrário, não sufoca a individualidade. Reconhece que as pessoas e as emoções mudam com o tempo e se acomoda à nova realidade. Sobrevive aos obstáculos do cotidiano e às fantasias frustradas. Também consegue manter intocada a intimidade, mesmo quando o desejo e o tesão arrefecem. E não é tão complicado assim você descobrir se ele é para valer ou pirateado. O falso sentimento é aquele que oculta, atrás de si, outras razões para se manter. "Para tirar a limpo, vale se questionar sobre o que realmente a conduziu até ele", sugere a psicóloga Olga Inês Tessari. "No meu consultório, quando atendo mulheres em conflito no relacionamento, pergunto o que as levou a se unirem ao parceiro. As respostas são as mais diversas: porque estava ficando velha, para evitar as críticas familiares, vontade de fugir da convivência com a família, não ser a única solteira da turma, ganhar segurança financeira, ter uma companhia", conta. "Algumas também respondem que não queriam jogar fora anos de namoro ou que tiveram um grande trabalho para agarrar o namorado e não podiam abrir mão dessa conquista. Outras, ainda, alegam gostar da segurança de uma relação fixa", acrescenta. Infelizmente, nenhum dos motivos acima é bom o suficiente para ser chamado de amor verdadeiro, concorda?
Como forma de abrir os olhos, no livro False Love and Other Romantic Illusions (Falso amor e outras ilusões românticas), o escritor Stan J. Katz pergunta: quer ficar excitada todas as vezes que estiver com ele? Viver em constante romance? Raramente brigar? Não precisar de mais ninguém além dele? Se é isso que procura, busca uma devoção impossível, segundo ele, e deverá colecionar uma série de histórias insatisfatórias, que vão preencher suas expectativas por um breve momento. Pois o verdadeiro amor se apóia muito mais em objetivos e interesses comuns do que na paixão e no coração sempre palpitante. Não significa que essa emoção forte e gostosa fique ausente, apenas que vai e vem, como as marés.
Certa do que sente
A essa altura da nossa conversa, você consegue descobrir quais ilusões governam seu coração? Se está com alguém só porque o sexo é mais intenso do que com outros namorados, ou porque se divertem juntos, precisa tomar cuidado. Aceitar a individualidade do parceiro é tão importante quanto se adorarem como amantes. Ouvir e responder com franqueza, mais essencial que se divertirem. Isso exige maturidade e disposição para se dedicar a alguém de carne e osso ou mandar embora quem não serve.
Antes de se declarar ao primeiro homem interessante que cruzar o seu caminho, faça a ele perguntas e exija respostas. Use uma lista de prioridades bem realista para avaliá-lo em vez de se guiar pelas aparências. Lembra quando os ex-BBB Iris e Alemão começaram a namorar? Parecia que tudo daria certo, não é mesmo? Mas, pouco tempo depois, eles tiveram de ser sinceros um com o outro e assumir que não nutriam os mesmos objetivos. Mas alto lá: não vale ser excessivamente exigente. Afinal, todo mundo tem seus defeitos, inclusive você. É preciso lembrar, também, que toda relação engloba sentimentos positivos e negativos. E é necessário tempo para que ela se estabeleça com força, respeito e segurança.
Para quem imagina que vai perder alguma coisa ao desistir do enlevo puramente romântico, vale lembrar as palavras de Bonnie Kreps, cineasta e escritora canadense que escreve sobre o assunto. Ela diz que deixar o hábito de "apaixonar-se loucamente" para entrar num tipo de amor sem projeções e idealizações também tem sua própria excitação. "É a mesma sensação de utilizar músculos que sempre tivemos mas nunca usamos por causa de nosso modo de vida. Entretanto, ao começar a movimentá-los, podemos fazer com nosso corpo coisas que antes nunca conseguimos."
Ajuste de foco
Agora que você já sabe a diferença entre o falso e o verdadeiro amor, tem o arco e a flecha nas mãos para fazer melhores escolhas. Os especialistas aconselham levar em consideração estes importantes aspectos:
LIVRAR-SE DE MITOS QUE SÓ ATRAPALHAM - Você é influenciada pela definição que seus familiares, professores... tinham sobre o amor. O exemplo que teve em casa também conta. Afinal, a forma como seus pais trocavam afeto foi seu primeiro modelo desse sentimento. Com essa análise do passado, alguns dos motivos pelo seu insucesso em romances anteriores poderão vir à tona. Já pensou que pode estar presa a mitos que a acompanham desde a infância (como o de que a mulher precisa se casar antes dos 30 anos)? Não é fácil se livrar deles, mas persista... se não quiser pular de um caso enganoso para outro.
CONSTRUIR UMA VISÃO REALISTA - Significa trocar a imagem do príncipe encantado por outra, mais madura. Para isso, é preciso cair a ficha de que o amor verdadeiro não acontece - você faz acontecer. É diferente de paixão à primeira vista, diferente de ter filhos.
CHECAR SE ESTÁ PRONTA - Talvez diga da boca para fora que está disposta a abrir mão da sua independência, mas acha uma ofensa ter de dar satisfação a um homem. Ou prioriza a carreira no momento, então não dispõe de tempo nem energia para investir numa relação a dois.
SABER O QUE QUER DE UM HOMEM - O frio na barriga que você sente pelo gato de bíceps esculpidos... não sustenta uma relação duradoura. Seu eleito deve oferecer qualidades capazes de mantê-los juntos quando a atração inicial acabar. Personalidade compatível com a sua, honestidade e inteligência emocional: eis um bom começo.
SER AUTÊNTICA -
Forçar-se a ser mais extrovertida ou fantasiar uma vida glamorosa só para impressionar o paquera? Uma hora a máscara cai. Dá muito mais certo ser você mesma, mostrando que, antes de tudo, se gosta.
DISTINGUIR SEXO DE AMOR - É comum confundir os dois. Ambos são deliciosos, mas um pode acontecer sem que o outro exista. O sexo casual está aí para provar.
NÃO SE GUIAR POR OPINIÕES ALHEIAS - Hoje, em que o ter e o parecer importam mais que o ser, é crucial não ir pela cabeça dos outros na escolha do seu amor. É a sua vida.
PÔR NA BALANÇA PRÓS E CONTRAS - O pretendente pode ser menos ambicioso do que você gostaria. Mas tem tantas outras qualidades que não essa. Já que perfeição não existe, avalie se você e ele têm mais razões para se amarem do que o contrário.
Matéria publicada na Revista Nova – Ed. Abril – Edição 407 por Dora Moraes
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