Olga Tessari

Primeira Demissão

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página

Lidar com esse fato é tão importante quanto conseguir o emprego 

O primeiro emprego ou estágio de um jovem costuma ser visto como uma conquista de grande valor para sua autoestima. O fato de estar trabalhando pela primeira vez faz do emprego, em um primeiro momento, algo encantador. A empolgação é constante até que algo nada animador acontece: a primeira demissão. 

A explicação é a de sempre: "Estamos reduzindo os custos com o pessoal". Por mais verdadeira que seja a desculpa dada, ainda mais em tempo de crise, o estagiário, por ser jovem, costuma levar a demissão para o lado pessoal: "Me demitiram pois não tive capacidade". 

"Meu mundo caiu, mesmo sabendo que era um corte de mais de 160 funcionários", conta Bianca Fiori, estudante do quarto ano de Jornalismo das Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM), em São Paulo, que era estagiária de uma grande empresa de comunicação e tinha a expectativa de fazer carreira na corporação. 

"Isso costuma acontecer, não apenas com os mais novos, mas também com muitas pessoas com "quilômetros de rodagem" profissional", conta a Psicóloga Olga Inês Tessari. Segundo ela, dependendo da expectativa que se tem, não só com o primeiro emprego ou estágio, a queda é maior ou menor. "É triste ver um sonho desmoronar", argumenta. 

O "demitido" costuma fazer, em um primeiro momento, a seguinte pergunta: "O que foi que eu fiz para ser demitido?". Ele esquece, porém, que por mais que tenha uma parcela (mínima) de culpa nisso, os motivos para tal situação são conseqüências do momento pelo qual a empresa pode estar passando. Ela pode estar com dificuldades financeiras, precisando reestruturar o quadro de funcionários ou extinguir determinadas áreas de trabalho, e isso não é de total responsabilidade do funcionário, efetivo ou estagiário, que foi demitido. 

Esse questionamento leva a pessoa a uma sensação de menos valia, sua autoestima diminui, ela fica cabisbaixa. Para Olga, porém, toda pessoa deve ver a demissão como uma fase que vai passar. "Só é demitido aquele que trabalha, logo a demissão é um risco que, se vier a acontecer, deve ser superado". 

Existem casos de pessoas que não suportam o fato e preferem ficar no "fundo do poço", chegando a um estado depressivo "Se chegar a esse ponto é sinal que o jovem deve procurar um auxílio psicológico", aconselha. 

Uma maneira de não chegar a esse ponto é fazer com que a autoestima vá lá para o alto. Mas como? "A pessoa precisa cuidar dela, desde a alimentação, passando pela aparência, e buscando lazer. Deve fazer coisas que dêem prazer para ela, e não só para as outras pessoas. Dessa forma, se valoriza e mantém o equilíbrio, ficando pronta para partir à caça de um novo emprego", sugere Olga Tessari. 

A tecla a ser batida repetidas vezes é a do fato que demissão é só uma fase. Segundo Olga, "A vida é feita de ganhos e perdas, e é preciso saber lidar com eles. Além do mais, depois de superada, a demissão e a situação que ela gerou podem vir a serem vistas, em uma roda de amigos, como algo muito engraçado, que vai gerar muita risada". * 

Colaborou: Olga Inês Tessari, Psicóloga, www.ajudaemocional.com 

Matéria publicada no Site Neurônio por Bruno Asp em 2003

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