Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Casinha, casita, casucha, casebre, casinhola, casinholo, casinhota e casinhoto.
Aí estão oito maneiras diferentes de se referir à palavra casa no diminutivo. Aliás, as formas diminutivas, assim como podem exprimir carinho e afetividade, são usadas também em tom pejorativo. Por exemplo: gentinha, povinho, livreco, timinho... e mesmo casebre ou casinhola. Faz sentido, se pensarmos que é muito mais provável que a casa dos sonhos de uma pessoa esteja mais para uma mansão do que para um pequenino lar. Só que, como a realidade é outra - principalmente para nós, brasileiros – habitações estreitas para famílias numerosas é o que mais existe por aí. E, se mesmo em lares espaçosos os conflitos familiares são inevitáveis, imagina quando a TV, o chuveiro, o armário, o quarto e a privacidade de cada um precisam ser divididos!
Para recém-casados, uma casa de dois quartos pode significar um palácio de aconchego. Mas quem já virou expert em procriação sabe a falta que alguns cômodos a mais fazem. O profissional autônomo Ronaldo Freitas mora com a mulher e os três filhos, dois rapazes de 23 e 21 anos, e uma menina de 17. O problema é que a casa só conta com dois quartos. Em um, dormem os dois meninos e, no outro, ficaram Ronaldo, a esposa e a filha. "Às vezes, um dos meninos dorme na sala, aí dá para minha filha deitar no outro quarto. No entanto, a gente já até se acostumou com essa arrumação. Além disso, temos um ventilador no meu quarto que todo mundo gosta de dormir perto, porque é forte e faz um barulho que ajuda a embalar o sono", conta o pai de família, confessando que o lado ruim dessa história é não ter um espacinho só para ele e a mulher.
Realmente, a privacidade é uma necessidade de todos os seres humanos. Pode variar de uma pessoa para outra, mas está sempre presente. E até em apartamentos de tamanho razoável ela pode faltar. A casa da jornalista Fabiane Saldanha, de 35 anos, é grande em relação a maioria dos lares brasileiros – tem três quartos e dois banheiros. Só que parece não ser o bastante para comportar ela, o marido e mais três filhos em franca adolescência – o que é um detalhe bastante importante. "Vive tendo menino deitado na minha cama, assistindo TV. Pra usar o computador sempre tem discussão, porque só temos um, que fica no quarto dos garotos. O banheiro da suíte, que era para ser só meu e do meu marido, acaba sendo dividido por todo mundo. Na minha pia tem cinco escovas de dente!", reclama Fabiane, mãe de Paula de 13 anos, Fábio de 15 e Gustavo de 11. A jornalista lembra, também, que os temperamentos opostos de seus rebentos complicam ainda mais a situação. "O Fábio é um porcalhão, coloca toalha molhada na cama do Gustavo, que já é mais organizado e fica uma fera. Ele e a Paula reclamam que o Fábio faz xixi na tampa do vaso, deixa roupa no chão... Aí eles se recusam a usar o banheiro do corredor e vão parar, adivinha onde, no meu!", explica a jornalista.
Duas situações merecem atenção especial quando se trata de falta de privacidade em casa. A primeira é quando o casal precisa dividir o quarto com um filho, como acontece na família de Ronaldo Freitas. "O sexo é a intimidade maior do casal. A partir do momento em que precisam evitar de ter relações, isso pode afastá-los a ponto de acabar de vez com o casamento", ressalta a psicóloga Olga Inês Tessari. E, se o casal não evita, as consequências podem ser ainda mais desastrosas para as crias, que permanecem sob as asas e travesseiros do pai e da mãe. "É comum a criança ficar traumatizada ao observar a relação sexual dos pais. Para ela, aquilo que ocorre no escuro e meio escondido, com movimentos, ruídos e murmúrios, pode parecer um ato de violência. Muitas pessoas que viveram essa experiência adquirem um terror inconsciente pelo pai ou homens em geral".
A outra situação digna de destaque tem como protagonistas os adolescentes. Mães e pais precisam estar cientes de que eles, ainda mais do que os outros, necessitam de um espaço para estar sozinhos. "Todos precisamos de momentos solitários, nem que seja para fazer absolutamente nada. Só que o caso dos adolescentes é mais delicado. Eles estão em fase de formação da sua personalidade e construção da identidade, precisam descobrir os valores que desejam assumir como seus. Para isso, a privacidade é fundamental", alega Olga Inês. Não importa se o espaço é exíguo. Ter um cantinho exclusivo, nem que seja uma gaveta, um armário ou uma cama já ameniza a escassez de privacidade. É aí que entra um fator crucial e preponderante. Sem ele, não há família que conviva bem, seja numa mansão ou numa quitinete. Pois é, estamos falando do bendito respeito. "Se fulano elegeu a gaveta do armário tal para ser seu porto-seguro, todos os familiares devem, sim, saber disso e respeitar. Todos nós lutamos pelo próprio espaço e, se queremos conquistá-lo, precisamos respeitar a conquista do outro também", alerta Olga Inês Tessari.
Já deu para perceber que não é tanto o espaço físico que conta e, sim, a maneira da família de lidar com os diferentes desejos e direitos de cada um. Priscila Gaspar, psicanalista, nos lembra que a forma como as pessoas compartilham o espaço é manifestação de um disputa interna por poder, muitas vezes, inconsciente. "Sentar na poltrona mais confortável ou decidir o canal da TV significa ter mais direitos que os outros, estar numa posição dominante. Aquele que ouve música alta acha que seu desejo é mais importante que o direito do outro de dormir", diz a psicanalista, acrescentando que essa competição pode não só acontecer entre irmãos, como também entre o casal e até entre pais e filhos.
Não é tão raro encontrarmos mães que fuxicam os pertences dos filhos, reviram gavetas, conferem o que há em suas mochila, ouvem conversas atrás da porta... São contextos como estes que induzem o filho ou filha a se trancar no quarto e prender na porta placas de "não perturbe". "É uma maneira do jovem se fazer respeitar pelos outros membros da família. Quanto mais tempo ele permanecer trancado no quarto, fica mais explícita a dificuldade de relacionamentos saudáveis entre essa família", explica Olga Inês Tessari.
Enfim, na falta ou na sobra de metros quadrados, o segredo maior para um bom convívio é – para variar – o diálogo. "Saber fazer acordos e trocas é fundamental. Estipular, por exemplo, que um dia é a vez de o Joãozinho assistir ao futebol, no outro, a Mariazinha fica livre para ver novela, e assim por diante, resolve muitos problemas. É claro que, de tempos em tempos, surgirão brigas, até porque cada um tem seu modo de ser, mas, no final, sempre se entra num acordo", garante Olga Inês Tessari. Além do mais, no fundo, no fundo, ter que dividir desejos e direitos faz muito bem! "Compartilhar espaços permite o exercício do convívio, do ceder, do fazer acordos e também de tolerar frustrações. Propicia um aprendizado importante para a vida social de um modo geral e até mesmo para a adaptação a um futuro cônjuge", conclui.
Matéria publicada no site Bolsa de Mulher por Laura Jeunon em 2003
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