Olga Tessari

Existem diferenças no namoro atual?

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

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Dra Olga Tessari responde! 

A Dra. pode explicar o que é namoro hoje? 

Dra Olga Inês Tessari: O namoro representa uma fase de conhecimento mútuo do casal, no qual se percebem as semelhanças e as diferenças que irão aproximar o casal ou fazer com que eles terminem a relação. O que muda, ao longo do tempo, é a forma como acontece este conhecimento. Na década de 50 do século passado, era comum que o casal só ficasse a sós depois que se casassem, o que dificultava muito o conhecimento, uma vez que o fato do casal não ficar a sós impedia-os de ficarem à vontade para trocarem idéias, carícias e se conhecerem mais a fundo, até porque nem sempre a terceira pessoa que ficava "vigiando o casal" era alguém de confiança dos pais ou mesmo uma pessoa que deixasse o casal conversar à sós. Os pais cuidavam muito de suas filhas para que não ficassem "mal faladas" e impediam que elas ficassem a sós com seus namorados. O namoro da atualidade é mais aberto, as pessoas dormem juntas, viajam juntas, conversam muito e este convívio propicia um conhecimento mútuo muito mais profundo o que pode levar a casamentos mais estáveis. Não podemos nos esquecer de que a fase inicial do namoro é uma fase de conquista do outro e, muitas vezes, o casal evita revelar facetas negativas de sua personalidade ou mesmo age apenas no sentido de conquistar, embora não seja comum da personalidade deles determinados tipos de comportamentos. Por exemplo, o rapaz que leva flores no início do namoro ou que faz a namorada decidir aonde quer ir pode estar agindo assim apenas para conquistá-la, não revelando sua faceta dominadora. Quando ele tem a certeza da conquista, muitas vezes ele deixa de dar flores e briga com a namorada porque ela não quer ir em determinados lugares que ele quer. 

Como era o namoro antigamente? 

Dra Olga Inês Tessari: O casal não podia ficar junto sozinho, sempre havia alguém da família vigiando. É como se, quando o casal ficasse sozinho, fatalmente acontecesse o pior (sexo talvez, até porque era norma da sociedade que as mulheres de família de bem se casassem virgens). Mas a sexualidade é um fator importante para a manutenção de um relacionamento, embora não seja o fator preponderante. Havia toda uma série de regras e normas de boa conduta que fazia com que o casal apenas revelasse algumas facetas de si mesmo, até pela falta de intimidade e de tempo entre eles, porque havia horários e dias restritos para o namoro. 

As pessoas ainda namoram pensando no casamento? 

Dra Olga Inês Tessari: Existe um conceito social de que namoro é o primeiro passo para o casamento, embora este conceito esteja mudando. Muitas pessoas separadas/divorciadas não querem se casar novamente, portanto, passam a vida a namorar, dormem com suas namoradas, mas cada um mora em casas diferentes. Mas em geral, aqueles que iniciam um namoro, na medida em que ele evolui, pensam em se casar. 

O que faz um namoro dar certo? 

Dra Olga Inês Tessari: O respeito, em primeiro lugar, a aceitação do outro como ele é e, principalmente, os pontos em comum. Contrariamente do que se diz, os opostos podem até se atrair, mas apenas os afins é que mantém-se juntos pela vida afora.

Existe namoro "certo" ou "errado"? 

Dra Olga Inês Tessari: Claro que não, cada pessoa tem a sua forma de explorar e de conhecer o outro. Cada família, hoje em dia, tem o seu conceito próprio do que seja namorar: os filhos vão seguir as regras familiares ou mesmo agir de forma contrária a elas, por discordar delas. Isso pode gerar um conflito familiar que será melhor resolvido quanto maior for o diálogo entre os familiares. 

Muitas vezes existe um abismo entre pais e filhos, quando o assunto é namoro. Por que? 

Dra Olga Inês Tessari: Para os pais é mesmo difícil perceber e aceitar que seus filhos cresceram porque, por um lado, o tempo para eles passa muito rápido (é comum os pais dizerem: "parece que foi ontem que eu vi você nascer"), por outro essa passagem do tempo revela que eles estão envelhecendo. Muitos pais tem medo da solidão, não aceitam que seus filhos se comportem de maneira diferente da que eles tinham na mesma idade dos filhos, mas em geral, é mesmo a dificuldade de aceitarem que seus filhos cresceram e que tem idéias próprias acerca do mundo, da vida e do namoro. Se existe este abismo em relação ao namoro, certamente este abismo já existia no relacionamento de pais e filhos, com certeza a relação entre eles foi pautada pela falta de diálogo, respeito e de aceitação. 

Matéria publicada no Jornal Rudge Ramos em maio/2005

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Adolescência -  Amigos/Grupos -  Ansiedade - Problemas de Relacionamento - Medos - Pais e Filhos - Autoestima - Depressão

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