Olga Tessari

Alerta: Homem também sofre bulimia e anorexia

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página

O culto ao corpo não é exclusividade feminina! 

Toda vez que se ouve falar em doenças como anorexia e bulimia logo vem à cabeça a imagem de mulheres extremamente preocupadas com a aparência e que para se manter em forma são capazes de qualquer loucura. 

Mas o culto ao corpo não é exclusividade do universo feminino. Os homens também estão cada vez mais preocupados com sua imagem, por isso não hesitam em adotar uma dieta radical e até mesmo vomitar (bulimia) para evitar engordar. Dados do Núcleo de Transtornos Alimentares e Obesidade (Nuttra) da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro apontam que a quantidade de homens que procuram tratamento para estes problemas aumentou cinco vezes de 2002 para 2003. O maior número de casos está entre os homens na faixa dos 18 e 26 anos. Os dois casos preocupam os profissionais de saúde. Na anorexia, a pessoa sempre acha que está acima do peso e por isso não pensa duas vezes em fazer dietas absurdas e até parar de comer. 

Nos casos de bulimia, a pessoa desenvolve uma espécie de sentimento de culpa com relação ao que come, por isso tenta vomitar tudo que comeu. Há quem tome diuréticos na tentativa de não deixar nada no organismo. Para os especialistas, as duas doenças resultam das pressões sociais para ter um corpo perfeito, considerado ideal para os padrões de beleza. A necessidade de ser aceito faz com que muitos jovens exagerem em suas dietas, observa a psicóloga Olga Inês Tessari, de São Paulo, que há 15 anos trabalha com estes transtornos. A maioria dos jovens que desenvolvem estes problemas tem uma visão distorcida da própria imagem e acredita que para ser feliz precisa ter o corpo como o de atores de TV. Eles acham que para namorar e ter status na sociedade devem ser cada vez mais magros, diz Olga. Segundo a psicóloga, geralmente, a anorexia surge após várias dietas. Ela conta que já atendeu casos em que o adolescente estava muito magro, mas achava que a pele que se formava na barriga era gordura. 

Eles acreditam que vomitar não deixa com que a comida penetre no organismo e como vão emagrecendo aos poucos continuam com esta prática, diz Olga. A nutricionista rio-pretense Vera Nicoleti Siqueira explica que ao vomitar o que comeu a pessoa praticamente elimina todos os nutrientes. Fica pouco no organismo, mas o prejuízo é muito grande porque o que é absorvido é insuficiente para o bom funcionamento do corpo, afirma. A grande diferença da anorexia e bulimia em homens é que eles não chegam à extrema magreza. Geralmente, os meninos já foram obesos e por medo de engordar novamente se tornam radicais com relação à alimentação. Outra característica que diferencia é a idade. Enquanto nas meninas o problema acontece com freqüência a partir dos 13 anos, nos garotos a doença vem mais tarde, por volta dos 18. 

Consequências 

O que estes jovens desconhecem (ou ignoram) são as consequências de banir uma alimentação saudável de suas vidas. A bulimia, por exemplo, reduz a quantidade de potássio no organismo, essencial para o coração. Já a anorexia é porta aberta para problemas circulatórios. As duas, para o alerta de pais e adolescentes, podem levar à morte. Segundo a nutricionista Vera Nicoleti, quando se deixa de ingerir carboidrato, sais minerais e proteína aos poucos o corpo vai ficando desnutrindo. A longo prazo, a falta de nutrientes traz diversos problemas. 

Pesquisa 

Pesquisadores da Universidade de Sydney, em Nova Gales do Sul (Austrália), descobriram que os distúrbios alimentares estão crescendo entre homens universitários. Um em cada grupo de cinco homens que estão na faculdade se preocupa com o peso e com a forma física, por isso segue regras sobre o que pode ou não comer, e limita a ingestão de alimentos. Para o estudo foram entrevistados 93 universitários, que falaram sobre hábitos de dieta e de prática de exercícios, além de questionados sobre sua autoimagem. Os entrevistados receberam diagnósticos clínicos de compulsão alimentar (3%), vômito auto induzido (3%), bulimia nervosa (2%), e distúrbios da prática de exercícios (8%), informaram as pesquisadoras. Outros resultados mostraram que entre 9% e 12% dos universitários estavam insatisfeitos com a forma física, sentiam-se gordos e queriam muito perder peso. 

Saiba mais: 

:: O doente portador de anorexia se acha gordo mesmo sem estar acima do peso 

:: O anoréxico faz dietas absurdas ou pára de comer, o que é considerado uma doença psiquiátrica fatal 

:: Nos casos de bulimia, o doente fica com sentimento de culpa após comer e provoca vômitos 

:: O bulímico chega a tomar laxantes para não engordar 

:: O tratamento para estas duas doenças deve ser multidisciplinar, envolvendo psiquiatra, psicólogo e nutricionista, entre outros profissionais 

Sinais: 

>> Os pais devem ficar atentos para o comportamento dos filhos, pois eles podem ser vítimas da anorexia ou bulimia quando: 

:: Recusar-se sentar à mesa durante as refeições 

:: Diminuir cada vez mais a quantidade de alimento 

:: Deixar de comer alimentos que antes gostava 

:: Logo depois de se alimentar ir direto para o banheiro 

:: Apresentar emagrecimento acentuado 

:: Preocupar-se demais com a possibilidade de ganho de peso 

Consequências: 

Anorexia 

:: Além de alterações metabólicas, gastrointestinais, cardiovasculares e neuroendócrinas, outros transtornos mentais podem estar associados à anorexia, como depressão e características obsessivo-compulsivas 

Bulimia 

:: Alterações cardiovasculares, gastrointestinais, metabólicas associadas a transtornos de humor e de ansiedade. Pode haver também desgaste do esmalte dentário e hipertrofia das glândulas salivares 

Tratamento deve ser multidisciplinar 

O tratamento para doenças como anorexia e bulimia deve ser multidisciplinar para que tenha eficácia. Psiquiatra, psicólogo e nutricionista (além de outros profissionais, caso haja a presença de alguma doença) são necessários para recuperar o doente. Depois de diagnosticada a doença, o anoréxico ou bulímico deve começar a se alimentar sob a supervisão de um nutricionista. No início, o ideal é tomar líquidos, de forma fracionada, de duas em duras horas, ou de acordo com o período previsto no tratamento. Aos poucos é que vamos introduzindo alimentos sólidos e pastosos até que a alimentação volte ao normal, diz Vera Nicoletti. Pode ser que durante o tratamento o doente rejeite a comida, cabendo aos profissionais descobrir alternativas para reparar a insuficiência alimentar. Nestas horas, a terapia é fundamental para que o garoto (ou garota) recupere a autoestima. 

Um dos tratamentos utilizados é a terapia cognitivo-comportamental, que faz com que o doente lide melhor com os fatores que o levaram a ter uma visão distorcida sobre si mesmo. É um trabalho de convencimento, já que a maioria dos adolescentes acha que sabe tudo, daí a importância de buscar caminhos alternativos, ressalta a psicóloga Olga Inês Tessari. Um dos agravantes para o comportamento da pessoa anoréxica ou bulímica é o fato de se basear muito na opinião alheia antes de ter a doença instalada no organismo. Ou seja, sem gostar de si mesma, acha que o que o outro diz a seu respeito é o que tem mais valor. Daí se ajustar aos padrões é um pulo. Geralmente, o bulímico, por exemplo, esconde seu comportamento de todos, principalmente dos pais. 

Estes, por sua vez, não percebem tanto a mudança no corpo do adolescente, mas sim que está de fora e não tem convivência diária. Ao iniciar um tratamento, os pais devem ficar de olho, pois se as orientações não forem seguidas à risca, a doença pode ser fatal. Nos garotos, o problema é grave, mas não chega a ser como em meninas, que se exigem cada vez mais. A nutricionista Vera Nicoleti conta que também já atendeu casos de bulimia e anorexia em mulheres na faixa de 40 anos, cujo problema era associado com depressão. 

Matéria publicada no site Diarioweb por Fabiano Fereira em 9/5/2004

Outros textos disponíveis para leitura: 

Obesidade -  Bulimia-Anorexia -  Adolescência -  Amigos/Grupos -  Ansiedade - Problemas de Relacionamento - Medos - Pais e Filhos - Autoestima - Depressão

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