Olga Tessari

Perdoai os nossos pecados

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página

A traição é, com certeza, um dos maiores dramas sentimentais da humanidade. 

Não é à toa que muitas vezes recai sobre seus ombros a culpa de crimes passionais. É ela também a fonte de inspiração de uma infinidade de poemas sofridos e de músicas no melhor estilo 'dor de cotovelo'. A infidelidade, definitivamente, faz parte da vida de homens e mulheres que habitam esse planeta, sem distinção de classe social, cor ou credo. Só que mesmo sendo a deflagradora de sentimentos e emoções tão desagradáveis, muita gente consegue fazer do limão uma limonada, e ainda engoli-la com muito gelo e açúcar, claro ao lado do próprio responsável por ela. 

Lidar com a traição não é uma tarefa fácil. Além de doer muito, ela também nos obriga a tomar certas decisões que nem de longe ilustravam nossos planos. Mas a vida é assim. E pode-se dizer, se é que consola, que a traição é uma das rasteiras mais corriqueiras que costumamos levar. No entanto, quase todo mundo ao se deparar com o tal enfeite que não favorece ninguém bem no meio da testa, tem uma sensação indescritível de raiva misturada com revolta. 'Quando descobri que estava sendo traída foi horrível! A situação teve todos os requintes que merecia: escândalo, xingamento, porrada nele, choro e muita mágoa. Tive ódio dele e pena de mim, por achar que não merecia aquilo. Acabei terminando um relacionamento de quatro anos por achar que era impossível colar os cacos que o Rodrigo tinha quebrado', desabafa a nutricionista Claúdia Vargas. 

Só que muita gente investe na restauração da relação. Para isso, nada funciona melhor do que um produto raro na natureza humana: o perdão. Foi o que jura ter feito a ex-primeira dama e traída número um do mundo, Hilllary Clinton, em seu livro de memórias 'Vivendo a História', que será lançado em agosto no Brasil pela Editora Globo. Nele, Hillary conta que perdoou o marido Bill Clinton e o pivô do escândalo, Mônica Lewinsky, para seguir sua vida conjugal e profissional em paz. Mas será que perdoar uma traição é realmente possível? 

Para a psicóloga Olga Inês Tessari, perdoar a traição depende muito do contexto em que tudo aconteceu e, quando é pública, como foi a de Hillary, a pessoa sempre sente uma necessidade de dar uma resposta, o que no caso dela foi um livro. 

A engenheira Samanta Lima conta que com ela foi ao contrário: foi o seu namorado quem sentiu a dor da traição e, sem dúvida, o fato do problema ter ficado entre quatro paredes o ajudou bastante a superá-lo. 'Eu passei um tempo fora e acabei me envolvendo com outra pessoa. Quando voltei ao Brasil tentei esquecê-lo e continuar com o Ricardo como se nada tivesse acontecido. Só que apareceram rastros como e-mails e fotografias, e o Ricardo acabou descobrindo. Aí eu tive que confessar. Ele ficou louco da vida e chegou a terminar comigo. Mas depois de pensar melhor e entender que o nosso relacionamento era muito maior do que aquilo, voltamos', revela. 

Mas há quem não acredite na boa fé do perdão da traição. Como a dentista Alessandra Abreu, que acha que ninguém perdoa sem ter alguma muleta para se escorar. 'É difícil engolir que o cara que você gosta trepou com outra. Não estou julgando ninguém, mas acho que quem perdoa é porque tem interesses que se sobrepõem aos sentimentos', acredita ela. 

Olga Tessari revela que isso é bastante comum de acontecer e que muitas pessoas agem assim na falsa esperança de preservar um relacionamento. 'Perdoar é aceitar que foi traída, e que deseja manter mesmo assim a relação por uma opção emocional e não por conveniência. O episódio deve ser definitivamente esquecido. Só que muita gente aceita a traição do parceiro por motivos econômicos, pelos filhos ou até por medo de enfrentar a vida sozinha. O que acaba gerando um mal-estar sistemático entre o casal, já que por qualquer motivo a traição vai ser relembrada', diz a psicóloga, aconselhando que a melhor maneira de superar um fato grave como a traição é com muita conversa. 'Assim, o casal vai poder entender o porquê de estar passando por aquilo e, desta forma, a relação pode até mesmo melhorar', conclui ela. 

Agradecimentos: Olga Inês Tessari - psicóloga - Tel: (11) 2605-6790 www.ajudaemocional.com 

Matéria publicada no site Bolsa de Mulher por Marcella Brum

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Adolescência -  Amigos/Grupos -  Ansiedade - Problemas de Relacionamento - Medos - Pais e Filhos - Autoestima - Depressão

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