Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Depressão - o mal da alma!
Conhecida como o mal da alma, a depressão é também uma das principais
causas de transtornos mentais entre os idosos. Apesar de ser um sintoma
comum a todas as fases da vida, na terceira idade o reconhecimento da doença
é prejudicado devido ao preconceito e a dificuldade de obtenção de tratamento
adequado.
"A depressão nos idosos, por exemplo, vem normalmente acompanhada
de outros problemas físicos, o que acaba mascarando a doença. Além disso,
muitos familiares tendem a encarar a depressão como um fato normal nesta
faixa etária", explica a psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês Tessari.
Segundo a especialista, que também é pesquisadora, um dos agravantes dessa situação
é que muitos médicos tendem a tratar somente os sintomas da depressão,
esquecendo que para a cura é preciso o acompanhamento psicológico.
Prova disso, de acordo com ela, é que muitos dos pacientes que chegam
em estado grave nos consultórios psicológicos já passaram pelos médicos
e estão tomando antidepressivos.
O problema é que a maior parte desses idosos não é informada claramente
que estão vivenciando um quadro depressivo.
Estudo realizado no Brasil por pesquisadores do Departamento de Psicologia
Médica da Universidade de Sidney e do Rozelle Hospital, na Austrália,
constatou que aproximadamente 10% dos idosos entrevistados que apresentaram
quadros depressivos necessitavam de intervenções clínicas.
No entanto, mais da metade deles estava sem acompanhamento adequado.
Um dos aspectos mais preocupantes dessa situação é que a ausência de tratamento
pode levar esses indivíduos à morte; seja por meio do suicídio ou pelo
surgimento de doenças infecciosas, ataques cardíacos e derrames.
Causas
Limitações físicas, dificuldade de elaborar novos projetos de vida, falta
de atividades que preencham o tempo disponível com a vinda da aposentadoria
são alguns dos fatores que podem ocasionar a depressão na terceira idade.
Contudo, os episódios que podem contribuir para o surgimento dos
casos graves da doença estão relacionados, sobretudo, à morte de parentes
e de amigos.
Esse tipo de situação leva as pessoas a constatarem que a sua morte pode
estar próxima. Diante disso, algumas delas começam a aproveitar melhor
o tempo que lhes resta. Outras se deixam abater, e não conseguem formatar
novas perspectivas de vida, explica a psicóloga Márcia Brandão, especializada
em saúde pública.
Caso extremo
Como exemplo, a psicóloga cita o caso do aposentado Amador Cortellini,
de 68 anos, que em março, durante uma discussão, atirou no filho,
Rodrigo, de 28 anos, viciado em cocaína e álcool. Deprimido, o aposentado
começou a se negar a comer e precisou ser medicado com antidepressivos
e remédios para dormir. Cortellini teve infecção generalizada e morreu
25 dias depois de ter assassinado seu filho.
Esse foi um caso extremo, mas nos comprova que a dificuldade em lidar
com a dor da perda pode ter conseqüências sérias para a saúde das
pessoas.
Matéria publicada no Jornal A Tribuna de Santos 01/05/2003 e no site da
Associação Geronto-Geriátrica de São José do Rio Preto 09/05/2005
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