Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Confira entrevista com a psicóloga Olga Tessari sobre as conseqüências
de sofrer um assédio sexual.
Olga Tessari é psicóloga e escritora, autora de "Dirija sua vida
sem medo"
SÃO PAULO - O assédio sexual é um tipo de crime que só em 2001 passou
a constar explicitamente do código penal brasileiro. A lei o define assim:
"Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
valendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função". Ou seja, assédio não
é qualquer cantada, mas insinuações e pressões emocionais que ocorrem entre
pessoas que se relacionam em posições desiguais: chefe e funcionária, professor
e aluna, médico e paciente. O crime é tipificado como atentado ao pudor
quando há manipulação do corpo da vítima (no caso dos médicos, claro, a
manipulação é condenável quando estranha aos procedimentos necessários
para exames). Se há penetração vaginal, o crime é de estupro.
Um levantamento com 403 denúncias contra médicos registradas entre
1997 e 2001 comprovou que ginecologistas e obstetras respondem por cerca
de 20% das queixas. Em segundo e terceiro lugar aparecem clínicos gerais
e ortopedistas. Na sequência, com 5,5%, vêm psiquiatras. Autor da pesquisa,
o pneumologista Júlio Cezar Meirelles Gomes, ex-professor da Faculdade
de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), observou que a maior parte
dos denunciados têm entre 43 e 46 anos e atendem em consultórios particulares
nas grandes capitais.
Olga Tessari é psicóloga e escritora, autora de "Dirija sua vida
sem medo". A obra orienta pessoas que passaram por situações de ansiedade
elevada, como o assédio. Ela deu uma entrevista para a GLOSS e aqui você
confere dicas para lidar com esse trauma. Entrevista com Olga Tessari
GLOSS - É comum as mulheres sentirem culpa após terem sido abusadas sexualmente?
Olga Tessari - Há uma questão de visão social preconceituosa de que
é a mulher quem provoca o homem, é ela quem joga charme, ela que se insinua.
Por outro lado, na natureza humana, sempre que algo dá errado, a gente
se faz a pergunta: o que eu fiz para acontecer isto? Então, quando acontece
um assédio, a mulher procura um motivo e logo se sente culpada, pois socialmente
entende-se que a mulher seduz, ela que abre caminho para o homem fazer
alguma coisa.
GLOSS - O que pode acontecer caso essa culpa tome proporções exageradas?
Olga Tessari - Quando você se culpa muita, sua autoestima cai e surgem
dificuldades de relacionamento com outras pessoas, inclusive no âmbito
sexual. Algumas mulheres escondem o trauma de si mesmas e, depois de um
tempo de tratamento com terapia, é que se descobre que a causa para muito
de seus conflitos provém do assédio sofrido. Quando a gente recebe alguém
no consultório logo depois de ter sofrido assédio, muitas vezes ela não
quer falar e foge da terapia. Mas é preciso falar, colocar para fora o
que está sentindo e reelaborar o que aconteceu. A terapia é fundamental
para superar esse tipo de trauma
GLOSS – Existe alguma diferença em sofrer um assédio em um consultório
médico ou em outra situação?
Olga Tessari - Você não espera que um assédio vá acontecer num consultório
médico, por isso muitas vezes a perplexidade é tanta que impede qualquer
reação. A gente espera que o profissional trate com respeito e faça o que
for preciso no papel dele de médico. A mulher fica espantada, pois é pega
de surpresa. Justamente pelo absurdo da situação, ela não sabe como reagir
a altura. Até cair a ficha ela pode refletir sobre o que houve. Muitas
até duvidam que aquilo aconteceu de verdade.
GLOSS – O que fazer para superar o trauma?
Olga Tessari - Terapia é fundamental! Depois do período de perplexidade
vem a culpa por não ter reagido ou por se questionar se de alguma
forma a mulher provocou a situação. Essas pessoas podem se tornar agressivas
ou se isolarem. É importante reelaborar o fato para não causar mais sofrimento
a ela mesma. Pode acontecer da mulher que passou por isso desenvolver um
medo de vivenciar situações parecidas, como não ir mais a médicos homens,
por exemplo. Mas este tipo de medo limita a vida. É fundamental procurar
um/a psicólogo/a!!
Matéria publicada na Revista Gloss - Editora Abril e também no Jornal
O Imparcial on line – Maranhão por Silvia Amélia de Araujo em 10/3/2009
Assédio Sexual - Adolescência - Amigos/Grupos - Ansiedade - Problemas de Relacionamento - Medos - Pais e Filhos - Autoestima - Depressão
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