Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Um dia DE SONHOS é muito pouco
Criança na sua essência vem ao mundo transformar a mulher em mãe, o homem em pai e fazer com que a vida humana perpetue. Por isso, de acordo com a "Declaração dos Direitos da Criança" toda criança deve ser protegida pela família, pela sociedade e pelo Estado, para que possa se desenvolver física e intelectualmente, tendo os mesmos direitos, não importa sua cor, raça, sexo, religião, origem social ou nacionalidade. São alguns dos princípios básicos consagrados a elas.
E neste '12 de outubro', deixando o marketing atribuído a data, mesmo reconhecendo como uma maneira bastante criativa de seduzir os pais a satisfazerem os desejos dos filhos; acho que não existe momento mais apropriado para refletirmos sobre tópicos importantes e que têm perturbado a harmonia de muitas famílias, como – falta de limites e falta de controle.
Hoje em dia, não há como negar, as crianças estão mais informadas, bem mais conhecedoras das contradições e dos conflitos disciplinares do que antigamente. Ainda que inocentes, são firmes, decididas e até autoritárias, se afrouxarmos as rédeas os limites fragilizam e, certamente, perderemos a batalha para elas.
Há pouco menos de 40 anos os costumes eram diferentes – o chefe da casa dava as ordens e toda família obedecia. Época em que o professor, além de ser uma referência, era muito mais respeitado.
Mas os tempos evoluíram e aquele velho modelo não se adota mais, ficou ultrapassado. Agora, vivemos na era do virtual, do digital, da internet, da liberdade total, do consumo fácil (…), a lição da moda é que criança educada e gentil está doente ou é careta; o que satisfaz mais é deixá-la livre ou à vontade.
Chega parecer ridículo – e é – aceitar algumas mães dizerem que estão estressadas, neuróticas e desesperadas por não serem capazes suficientemente de conter o calundu de seus filhos. Mais cômico ainda é vê-las gritando e se lamentado "não sei mais o que fazer. Já bati, já briguei, deixei de castigo…". O que é pior: a fera a ser domada tem apenas três ou quatro anos.
Será que nós, os pais, ficamos mais tolerantes ou mais inseguros? Como alguém com tão pouca idade pode dominar desta forma uma pessoa adulta?
A escritora, conferencista e psicóloga Olga Inês Tessari, certa vez disse: "Espancamento físico não é a solução é violência, mas umas palmadinhas de vez em quando não vai fazer mal algum, pelo contrário". Concordo plenamente com ela.
Obviamente que existem exceções nas relações familiares, as manifestações de afetividades podem se multiplicar tanto para o bem como para o mal. Mas a consciência crítica está em nossas mãos enquanto genitores. De sorte que, por via de regra, cabe-nos a maior parcela de responsabilidade na formação deles; uma vez que, de jeito algum, podemos transferir para a escola a educação doméstica.
No entanto, penso que se não nos prepararmos para ser verdadeiros educadores o desafio vai se tornar inútil.
Então, apesar de existir uma retrospectiva assustadora de mais de 75 milhões de crianças no mundo sem direito a educação, conforme dados recentes divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), – muitas delas obrigadas a trabalhar logo cedo para ajudar a trazer o sustento para dentro de casa –; um dia de sonhos é muito pouco para se comemorar uma data tão particular como o 'Dia das Crianças'. Até porque a infância é o começo da formação intelectual da pessoa humana e as ingênuas brincadeiras retratam o esplendor da inocência.
Concluindo, nada tão admirável como este texto que eu imagino se encaixar perfeitamente no lado lúdico da festa "(…) Minha criança possui incomensuráveis solidões diante do mistério do infinito. Ainda recua diante do violento, embora não o tema, e ainda se infiltra em episódios de distração e inocência inexplicáveis, num homem com minha carga de vivências. Minha criança ainda gosta de abraço caloroso, proteções misteriosas e de um modo de rezar que o adulto nunca mais conseguiu, tais a entrega e a total confiança no mistério e na proteção de Deus. Minha criança carrega o melhor de mim, é portadora de meu modo triste de falar de coisas alegres e de algum susto misterioso sempre que se impõe alguma expectativa. Minha criança é inteira, mansa, bondosa e linda". (Artur da Távola)
*Ezequiel Sena é bancário aposentado do BB e contador
Matéria publicada no site Bancários por Ezequiel Sena em 10/10/2009
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