Olga Tessari

Depressão: sem tratamento adequado não tem cura

Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari

*Veja indicação de outros textos para leitura ou vídeos no final da página

AVISO: Quem sofre com a depressão, deve procurar um médico ou psicólogo urgente! 

Depressão é uma palavra frequentemente usada para descrever os maus sentimentos que as vezes nos atormentam. Todos se sentem "pra baixo" e tristes de vez em quando, e estes sentimentos são normais, porém a depressão vai além de uma "fossa" ou um "baixo astral" passageiro. É uma doença psíquica bastante complexa que afeta o organismo como um todo, compromete o físico, o humor e, principalmente, o pensamento. Esta doença é entendida como um mal funcionamento cerebral que resulta na inibição das funções nobres da mente humana: a memória, o raciocínio, a criatividade, a vontade, o amor e o sexo, e também a parte física. Estudos feitos indicam que dos 121 milhões de pessoas com depressão, cerca de 67% ficam afastadas do trabalho por um período de 20 dias. 

"Além dos fatores psíquicos, existem desequilíbrios neuroquímicos no cérebro, como nos neurotransmissores: serotonina, noradrenalina e dopamina, onde a maioria dos antidepressivos atua", explica o psiquiatra e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maurício Viotti. O trio de neurotransmissores, fundamental na regulação do humor, circula com menos eficiência entre os neurônios de um deprimido, e isso dificulta a transmissão de milhares de mensagens químicas. A depressão provoca sintomas como a falta de energia, distúrbios do sono e do apetite, isolamento, lentidão do pensamento, da motricidade e da concentração, insegurança ou sentimento de inutilidade, culpa e arrependimentos, tudo acompanhado de muita angústia ou ansiedade. 

De acordo com Viotti, a medicina associa depressão a um estado em que há muita tristeza, perda de prazer e vontade na vida em geral. Quem tem depressão tem consciência das coisas boas da vida, sabe que tudo poderia ser bem pior, e muitas vezes reconhece que o motivo para seu estado emocional não é assim tão importante. Mesmo assim permanece deprimido. "Ocorre um desequilíbrio na produção bioquímica do cérebro, o que ocasiona os sintomas da depressão. A medicação é importante e vem para reequilibrar a bioquímica cerebral", explica a psicóloga, escritora e mantenedora do site ajudaemocional.com, Olga Tessari. 

Sem um tratamento adequado – antidepressivos para um rápido alívio dos sintomas e tratamento psicológico (psicoterapia) para aprender maneiras efetivas de lidar com os problemas da vida –, os sintomas podem durar semanas, meses ou anos. "Nosso cérebro é influenciado pela nossa maneira de pensar. A medicação por si só não é capaz de restaurar e manter o equilíbrio da química cerebral se não houver mudanças na forma de pensar", argumenta a psicóloga Olga Tessari. 

Até recentemente o uso de alucinógenos era feito no intuito de facilitar o acesso ao inconsciente e resolver conflitos. Agora, cientistas têm se interessado em estudar as possibilidades terapêuticas de alucinógenos para casos que não respondem à medicação clássica. "Estuda-se o efeito do princípio ativo encontrado nos cogumelos: a psilocibina. Essa droga propicia experiências que a pessoa não tem com o uso da medicação. No entanto, há um risco muito grande de expor o indivíduo aos prejuízos que os alucinógenos podem causar," explica a psicóloga. Ainda é cedo para falar sobre a viabilidade do efeito dessas substâncias diretamente nas transmissões cerebrais. "Esses alucinógenos terão que provar, além do possível efeito benéfico na depressão, que podem ser utilizados sem maiores riscos para a saúde em geral", conclui o professor. 

Matéria publicada pela Assessoria de Comunicação da Emater-MG- Estagiária: Taissa Renda

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