Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Comer sem limites quando não se tem fome, por ser um indício de compulsão
alimentar
Comer um pedaço de bolo de chocolate de vez em quando não é nenhum
pecado. Ao contrário, pode até ajudar a relaxar depois de um dia estressante.
Mas quando o desejo de devorar o bolo inteiro se torna freqüente é melhor
ficar alerta. Pode ser um indício de compulsão alimentar.
Em geral, o compulsivo come sem ter fome e não se satisfaz. Tem a impressão
de ser um saco sem fundo. E, na maioria das vezes, prefere os doces.
Estes episódios de compulsão são chamados de binge. Poderíamos traduzir
binge como "ataques" de compulsão alimentar. Chocolate é o alvo preferido.
A explicação é simples: ele estimula a produção de serotonina, substância
do cérebro ligada à sensação de prazer e, com isso, alivia a depressão
e a ansiedade. Frituras também agradam bastante.
Veja as características do distúrbio:
•Ingestão de grande quantidade de alimentos num período curto de tempo,
algumas pessoas podem chegar a ingerir 5.000 calorias em um período
de 2 horas (no caso das compulsões graves);
•Preferência pôr alimentos mais calóricos como doces e carboidratos
gordurosos;
•A pessoa come mais rápido do que o normal;
•Pode chegar a comer até se sentir cansada e/ou empanturrada;
•Por vergonha poderá comer escondido;
•Existe uma sensação de descontrole, a pessoa não consegue controlar
o impulso de comer;
•Após o episódio compulsivo, surgem sentimentos de culpa, falta de
autocontrole, além de auto rejeição o que causa cada vez mais baixa autoestima
Gula não é compulsão
Gula é aquele pedaço de pizza a mais. Tentação que todos podem se permitir,
de vez em quando, sem remorsos. Já a compulsão é o descontrole. A
pessoa não mastiga direito, nem sente o gosto do que está comendo. Movido
por questões emocionais e não por fome, o compulsivo tenta engolir os problemas.
Tratando o problema
O tratamento desses pacientes inicia-se, sempre, pela reeducação
alimentar. Outra medida importante é comer alguma coisa nos intervalos
entre as três refeições principais. Agindo assim, mesmo que valor calórico
do alimento seja baixo, o corpo irá perceber que está sendo constantemente
alimentado.
Se a reeducação falhar
Se a orientação nutricional falhar, o próximo passo é identificar fatores
psicológicos, crenças ou pensamentos que possam estar desencadeando
os episódios de compulsão. O psicólogo pode auxiliar o paciente a elaborar
uma lista de soluções viáveis para enfrentar os momentos de compulsão.
Existem algumas técnicas que ajudam: ler um livro, ouvir música, sair de
casa, andar de bicicleta. Uma vez posta em prática uma delas, 30 ou 40
minutos depois, terá desaparecido a vontade de comer, isso se ele não estiver
realmente com fome e já tiver corrigido os maus hábitos alimentares.
A compulsão pode ser causada por fatores fisiológicos, como regimes
repetidos e os muito restritivos. Mas, em grande parte, deve-se a fatores
psicológicos. Por isso, medicamentos só devem ser usados em caso de obesidade
mórbida ou para dar um estímulo inicial ao tratamento, que deverá continuar
com reeducação alimentar orientada por um nutricionista, um endocrinologista
e um psicólogo.
Matéria publicada no site Toda Você em 7 de Julho de 2009
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