Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Se afastar um pouco das emoções e ter mais objetividade são os primeiros passos para enfrentar o problema
A maioria das mulheres cresce cultivando o sonho de ser mãe. Na infância, criamos bonecas como filhas, treinando para o dia em que daremos a luz a seres humanos. Depois adiamos este plano para conquistar outros, sociais, profissionais e quando chega a hora, tudo certo, casa, marido, estabilidade e o bebê? Não vem.
Doença que afeta um em cada dez casais em idade fértil, a infertilidade atinge mais de seis milhões de pessoas nos Estados Unidos, homens e mulheres. No Brasil, estima-se que aproximadamente dois milhões de casais apresentem algum tipo de dificuldade ao longo de suas vidas reprodutivas.
Os sintomas são silenciosos. Após 12 meses de tentativas tem-se o diagnóstico. Se a mulher passou dos 35 anos, o prazo para esse veredicto cai para seis meses. Alternativas como inseminação artificial ou mesmo a adoção existem, mas até alcançar esta vitória, como controlar a ansiedade e o medo de ver um sonho perto do fim?
Combatendo o inimigo
O maior inimigo dessa batalha é o negativismo. Ser mãe é um importante referencial de feminilidade e, quando isso não acontece, muitas mulheres sentem-se incompletas e se enchem de culpa. Isso acaba por mexer, inevitavelmente, com a autoestima e atinge outros setores da vida, a começar pela relação conjugal, que se desgasta e, em alguns casos, se sobrecarrega de cobranças.
"As relações sexuais deixam de ocorrer por prazer, acontecendo principalmente nos dias férteis", afirma a psicóloga Luciana Leme, especialista em atendimento a casais com problemas de fertilidade. Felizmente, há casais que se aproximam com a dificuldade e se tornam ainda mais cúmplices. "É preciso não deixar que a infertilidade tome conta de sua vida. Existem outras coisas a serem produzidas e vividas enquanto o bebê não vem", aconselha.
Procure apoio
Ansiedade e depressão são as principais consequências da infertilidade, além disso, insônia e outras doenças psicossomáticas podem aparecer. "Já tive pacientes que desenvolveram hipertensão durante os tratamentos. Houve caso do marido de uma paciente que infartou", alerta a psicóloga Olga Tessari.
O problema pode provocar efeitos devastadores para além da esfera conjugal. "Desestabiliza as relações do casal com seu entorno social, podendo ocasionar um decréscimo na qualidade de vida. Em alguns casos, esta situação influencia até mesmo o rendimento do trabalho, levando ao seu abandono", destaca a psicóloga e escritora Olga Tessari, mantenedora do site www.ajudaemocional.com.
A medicina já dispõe de uma série de procedimentos que colaboram para elevar a possibilidade da fecundação e da gestação. Mas vale lembrar que é fundamental buscar um acompanhamento psicológico para identificar possíveis fatores que possam estar dificultando a gravidez, além de falar sobre seus sentimentos e ganhar forças para contornar o problema. A vivência da infertilidade é frustrante e dolorida e merece um cuidado especial.
Matéria no site IG Delas por Letícia Moreli em 30/09/2009
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