Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Se é o amor próprio o melhor e mais ideal dos amores, por que não apaixonar-se por si mesmo?
Em tempos de romantismo um tanto esquecido, quando os relacionamentos andam enfraquecidos e superficiais, manter uma boa relação consigo tornou-se essencial, no mínimo necessária. E não é que você precise gritar aos quatro ventos um dos pensamentos modernos, o "amar a si mesmo sobre todas as coisas" ou ainda dizer a si diante do espelho um "eu me " matinal. Mas assim com amar ao próximo, o amor-próprio implica em gentilezas e alguns cuidados, mas com um acréscimo talvez mais econômico – dispensa os chocolates em forma de coração, a conta do restaurante e a luz de velas. Mas vez ou outra requer um presentinho a você mesmo.
No entanto, sentir-se a última bolachinha do pacote – aquela que ninguém mais quer come – pode ter razões, porquês e princípios que estão além do nosso vão entendimento. Fora isso somam-se as implicações na própria qualidade de vida e os problemas que podem se acumular quando você parece não mais amar aquela companhia diária e insistente: você.
Segundo Olga Tessari, psicóloga, escritora e autora do www.olgatessari.com: "Autoestima é a capacidade que uma pessoa tem de confiar em si mesma, de sentir-se capaz de poder enfrentar os desafios da vida, é saber expressar de forma adequada para si e para os outros as próprias necessidades e desejos. Em suma é saber que você tem o direito e merece ser feliz", completa Olga Tessari. E para buscar essa felicidade é preciso aprender a aproveitar e apreciar o melhor de si mesmo.
MEU PRIMEIRO AMOR
Ok. Se você é um apaixonado por si mesmo e a sensação é de que ninguém poderia fazer isso por você, saiba que alguns dos responsáveis por esse sentimento têm nome e podem morar no quarto ao lado. Pais e familiares mais próximos quando muito críticos em relação à criança, podem, sem perceber, prejudicar a autoestima dela que crescerá com valores equivocados sobre si mesma. Logo, os filhos não se sentem amados e valorizados. Olga ensina que os pais precisam apoiar seus filhos e aprová-los para que eles tenham uma boa referência de si e cresçam seguros e confiantes. Tal apoio nada mais é que respeitar as limitações e valorizar cada acerto. "Isso não significa que os pais não devam apontar os erros, mas isso deve ser feito de forma que os filhos entendam que errar faz parte, e que o importante é consertar e aprender com os erros, sendo fundamental que os pais valorizem os acertos quando as crianças conseguem acertar", defende a psicóloga.
Mas é claro, se você tem problemas com sua - isso não significa dar-se ao direito de apontar o dedo na cara dos pais ou avós quando não se está em paz com o espelho. Há outras variáveis causas que podem abalar os julgamentos que temos a nosso respeito. Segundo a psicóloga Rebeca Fischer, instrutora da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística – SBPNL e especialista em Programação Neurolinguística, o que afeta nossa confiança, geralmente, é a insegurança que é gerada muitas vezes por fatores externos como uma doença, divorcio, perda de emprego, morte em família, etc, e por fatores internos, como diálogo interno muito negativo, focar no que está dando errado ao invés de focar no que está dando certo. Segundo ela, podemos fortalecer nossa autoestima com fatores externo, como uma realização no ambiente profissional, mas o amor-próprio está diretamente ligado ao nosso auto conceito. "Posso até ser uma profissional bem-sucedida e ter um conceito negativo ao meu respeito, Isso vai gerar baixa autoestima", explica Rebeca.
"Quem tem boa autoestima fica feliz consigo mesma e ponto final, se as outras pessoas gostarem, ótimo. Senão, ela não se importará com os comentários negativos" Olga Tessari
ESPELHO, ESPELHO MEU
Nem todos têm a forte convicção de seu reflexo quando a bruxa da Branca de Neve que eternizou o bordão: "espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?". Mas se você corre o perigo de se afogar em um rio como Narciso, que era um apaixonado por si mesmo na Mitologia Grega, saiba que excesso de confiança pode ser confundido com egoísmo e prepotência, mas nunca com autoestima elevada. "Não existe excesso de autoestima", enfatiza Rebeca. Segundo ela, quem tem amor-próprio sabe das qualidades e capacidades que tem e não precisa ficar divulgando isso através de um megafone. E muito pelo contrário, aquele amigo seu que parece andar com o rei na barriga pode sofrer assim como você, que não tem nenhuma realeza no estômago. "As pessoas que agem dessa forma são altamente inseguras e precisam ficar dizendo que são maravilhosas para elas mesmas acreditarem. Isso confunde muito as pessoas quando dizem que fulano não precisa de mais autoestima, pois já são arrogantes o suficiente. Arrogantes têm baixa autoestima!", ressalta Rebeca Fischer. Olga Tessari também defende o mesmo pensamento: "a linha entre amor-próprio e egoísmo, em alguns casos, é muito tênue". Para ela, pessoas que se amam, são altruístas, não querem prejudicar ninguém quando buscam a sua felicidade, ao contrário dos egoístas. O interessante e, a principio um tanto incoerente, é que pessoas que possuem todos os atributos – beleza, sucesso profissional e pessoal – para serem confiantes de si mesma acabam se auto-afirmando como o contrário. Pessoas assim também estão suscetíveis a sua própria baixa autoestima e buscam, ao se menosprezarem, atenção, amor e aprovação alheia.
ABC DO AMOR
Se o primeiro e eterno amor é aquele que temos por nós mesmos, melhorar a visão e o apreço pela própria companhia é um dos melhores agrados e motivações que podemos fazer pela nossa qualidade de vida, já que autoestima está intimamente relacionada à felicidade. Segundo Rebeca Fischer, pessoas com amor-próprio fortalecido são pessoas positivas e proativas. "Elas raramente adoecem e quando isso acontece, se recuperam rapidamente. Por isso mesmo, acredita-se que a autoestima é o coração do sistema imunológico. Essas pessoas se cuidam, aparentam saúde, brilho nos olhos. De longe se percebe que elas 'se gostam'", define Rebeca. V ale ressaltar que amor-próprio não é sinônimo de boa aparência ou estar de acordo com alguns padrões de beleza. No entanto, pessoas que não se apreciam, acreditam que se a aparência estiver agradável aos olhos dos outros, ela será mais amada e aceita. "Em geral, quando uma pessoa cuida de sua aparência, é natural que ela fique feliz com os resultados obtidos. E aqui vem a diferença: quem tem boa autoestima fica feliz consigo mesma e ponto final, se as outras pessoas gostarem, ótimo. Senão, ela não se importará com os comentários negativos", afirma Olga Tessari.
Mas quando seus dias estão sendo arrastados e o amor-próprio parece quere viver para sempre debaixo das cobertas, como então prosseguir? A melhor saída é dar início ao autoconhecimento, como aconselha Olga Tessari: "se há algo em você que você não gosta ou não aceita, pense: o que eu posso fazer para melhorar? É possível melhorar ou não? Se sim, aja para mudar: se não, aceite esta limitação e procure conviver bem com ela".
Matéria publicada na Revista Mood Life- Ano 1 - N°7 por Carla Matsu
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