Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Os 30 anos deixaram de ser um estigma para as mulheres, que continuam
a traçar planos e a perseguir seus sonhos sem a obrigação de ser apenas
esposa, mãe e dona de casa
Não é de hoje que as mulheres de 30 anos estão no alvo de especialistas, habitam
o universo de escritores e despertam a atenção dos interessados em comportamento
de uma maneira geral.
Diferente de outros tempos, as trintonas de hoje têm questões que
vão muito além do casamento e dos filhos. A maturidade dessas mulheres
não está necessariamente ligada ao envelhecimento. Ao contrário, cada vez
mais elas figuram na lista das mais desejadas por homens de todas as idades
e traçam planos.
Em uma de suas crônicas, Mario Prata deixa clara a sua atração pelas
moças que já chegaram às três décadas de vida: "o que mais me encanta nas
mulheres de 30 é a independência. Moram sozinhas e suas casas têm ainda
um frescor das de 20 e a maturidade das de 40", registra o cronista.
Na mesma direção, o escritor francês Honoré de Balzac, em um trecho de
seu clássico A Mulher de 30 Anos, escreve: "Tome a mesma moça aos
20 e aos 30 anos. No segundo momento, ela será umas sete ou oito vezes
mais interessante, sedutora e irresistível do que no primeiro".
Extensão dos 20
Com aparência de umas sete primaveras a menos, a produtora de moda Harlem
Marau, 32 anos, conta que não vê muita diferença dos 20 para os 30.
"Os 30 estão sendo consequência das coisas que eu vivi nos 20", reflete.
A idade não fez com que ela diminuísse o ritmo das baladas ou restringisse
sua vida de qualquer outra forma. Ao contrário, ela continua a fazer tudo
o que sempre fez, às vezes até com mais intensidade.
"O volume de informação que se tem hoje faz com que a gente veja as coisas
de outro jeito, não é aquela coisa de ser só mãe, esposa e dona de casa,
a vida profissional tem uma importância bem maior", opina Harlem. Pouco
depois de completar 30 anos, ela terminou um relacionamento e ficou mais
firme em relação à sua carreira ligada à moda.
Para a psicóloga Olga Tessari, a realização profissional é de fato
uma característica marcante na mulher contemporânea. "Mas questões sentimentais,
como casar e ter filhos, também continuam a fazer parte da vida dessas
mulheres", afirma a especialista. "A mulher ainda é criada para ser dona
de casa, mãe, esposa e, somando-se a isso tudo, profissional", explica
Olga Tessari.
Mãe, esposa, profissional...
Mãe há dez meses, esposa há mais de cinco anos e profissional na área
de administração financeira há cerca de 12, Renata Fagundes vive todos
esses papéis sem crise. "Eu sempre fui muito desencanada, continuo tomando
meus porres e falando palavrões, mas em algumas rodas eu tento ser mais
senhora (risos)", revela.
Aos 32 anos, Renata afirma que não teve a famosa crise dos 30, mas
teme que isso ocorra mais tarde: "Acho que os 40 vão me deprimir. Com 30
você ainda é jovem, com 40 já vira coroa e aí eu tenho medo de fazer papel
de ridícula porque sei que não vou amadurecer mais".
Nesse sentido, a psicóloga Olga Tessari avisa que é importante estabelecer
prioridades e traçar planos. "É bom a mulher pensar sobre onde e com quem
quer estar quando chegar aos 40, 50 anos. Isso, de certa forma, será consequência
do que ela está fazendo agora", aconselha.
Mas essa dica não funcionará muito bem para Renata: "Olha, eu não sou
muito de fazer planos e nem os 30 me fizeram mudar isso. O que sei
é que ano que vem irei no cruzeiro do Roberto Carlos", confessa bem humorada.
Matéria publicada no Guia da Semana por Diego Dacax em maio/2010
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