Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Eles não aceitam mais só o posto de provedor e muitos já possuem a guarda definitiva dos filhos
Eles já trocam fraldas, frequentam as reuniões da escola e até se arriscam na cozinha para preparar a sopinha do rebento. Atitudes impensáveis há alguns anos, quando aos pais cabia apenas o sustento e a rigidez da educação, hoje eles brigam por mais tempo com os filhos e muitos já possuem a guarda definitiva das crianças.
Eles querem, cada vez mais, morar com os filhos e acompanhá-los de perto.
Foi o que aconteceu com o gerente de contas Lucas Probst de Moraes, 29 anos. Pai de Caio, 10 anos, Lucas levou um susto quando aos 19 anos, ouviu da namorada que iria ser pai. "Mas, como sempre tive esse sonho de ter um filho, logo me acostumei e minha grande frustração foi ficar longe dele quando a mãe se mudou para o Rio de Janeiro".
Depois de muita conversa e entendimentos, chegou-se à conclusão de que o melhor para Caio era morar com o pai. "Com um ano ele veio morar comigo e , no inicio, obedecíamos as regras das visitas quinzenais, mas, depois, como todos se relacionavam muito bem, a mãe passou a visitá-lo sempre que queria".
Mudança
Esse desejo que os pais vêm demonstrando de ficar com os filhos deixa claro o processo de mudança pela qual vem passando a sociedade. "A constituição familiar mudou. Hoje, o casal divide as tarefas, a mulher exige mais a participação do homem e já não tem mais aquela divisão de papéis quando o pai era o provedor e a lei, enquanto a mãe se encarrega da educação dos filhos", esclarece a psicoterapeuta familiar Olga Inês Tessari.
No entanto, até por uma questão cultural, eles ainda encontram mais dificuldades para administrar a casa e a criação dos filhos e quase sempre acabam recorrendo à ajuda de outra mulher.
Foi o que fez Lucas, que contou com o apoio da mãe, avó de Caio. "Minha mãe foi importante pela experiência que tem, pelas sugestões e orientações que me passou, disse".
Bem de Perto
Além de dividir as tarefas da casa e a educação dos filhos, alguns pais até já compartilham o sentimento de culpa que muitas mães que trabalham fora têm pelo fato de ficarem pouco tempo com as crianças, embora o tempo que os pais dedicam aos filhos tenha aumentado sensivelmente nos últimos 30 anos. Segundo a Equal Opportunities Commission, uma ONG britânica de defesa dos direitos trabalhistas, nos anos 1970 os pais ficavam, em média, 15 minutos por semana com seus filhos. Nos anos 1990, esse tempo havia subido para duas horas.
Enquanto vai passando o maior tempo possível com Caio, Lucas declara: "Ter uma pessoa que o ama incondicionalmente e vice-versa, que você pode contribuir para o crescimento dela, é o mais gratificante. O companheirismo que existe entre nós também é maravilhoso. Ele é minha principal companhia, meu apoio".
Eles querem exercer a paternidade
As pesquisas brasileiras são escassas, mas indicam que o desejo de ser pai e exercer a paternidade participativa está cada vez mais evidente. A terapeuta Sandra Fedullo Colombo entrevistou 120 homens e mulheres e a maioria deles questionou o fato de não passar de meros provedores. "Eles não querem perder a chance de exercer a paternidade. Querem morar com os filhos, acompanhar o crescimento deles de perto", diz Sandra. O resultado pode ser muito positivo.
Matéria publicada no Jornal Destak por Cássia Caballero em 10/08/2011
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