Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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VIDA SOCIAL ATIVA E EXERCÍCIOS FÍSICOS GARANTEM QUALIDADE DE VIDA NA MATURIDADE
"A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro."
A frase célebre de John Lennon é o que inspira o advogado Elisêo
Alberto Jorge, de 73 anos, a estar sempre criando projetos para sua vida
e das pessoas que o rodeiam. Elisêo, que hoje mora em Guaratinguetá (SP),
leva uma vida até mais agitada do que antes da aposentadoria e aproveita
cada momento com energia e vitalidade. Idealizador de um programa de rádio
voltado à terceira idade, o aposentado leva informações de utilidade pública
e conscientização para seu público-alvo, tanto em uma emissora local como
em uma rádio via internet que criou. (Além do Programa da Terceira Idade,
transmitido nas tardes de sábado pelo Clube Cidade AM, Elisêo frequenta
a Universidade da Terceira Idade (UNAT), onde pratica italiano, faz atualização
em língua Portuguesa e aulas de teatro). A rotina do aposentado é agitada
e cheia de compromissos, mas ele leva a vida com alegria e entusiasmo.
Seu Elisêo cuida do corpo e da mente e procura estar em contato com gente
o tempo todo. É dessa maneira que ele sente-se feliz e realizado.
A exemplo de Elisêo, a psicopedagoga e psicomotricista Elizabete Sallwicz Marangon,
de 64 anos, continua na ativa. Além de ainda trabalhar, ela pratica atividades
físicas regularmente. O exercício físico garante a Elizabete viver com
qualidade e energia, e ela recomenda a prática para todos os que querem
envelhecer com qualidade. "Se a atividade física constante, sem necessidade
de ser extenuante, auxilia pessoas idosas e com problemas cardíacos, como
no meu caso, o que não fará para aqueles que, mesmo jovens e saudáveis,
queiram prevenir-se dos futuros males?", questiona.
Saber envelhecer
Elisêo e Elizabete são exemplos de que hoje os idosos estão vivendo mais
e melhor.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
as pessoas com mais de 60 anos já correspondem a 11,4% dos brasileiros
e a tendência é que esse número aumente progressivamente.
"Há 20, 30 anos a maioria já tinha falecido por volta dos 60 anos,
mas agora a terceira idade está aumentando justamente por conta da maior
longevidade e já se fala até na quarta idade", contextualiza a psicóloga,
pesquisadora e escritora Olga Tessari.
O médico geriatra e professor da Universidade de São Paulo (USP), Leonardo
Lopes, esclarece que o envelhecimento é um fenômeno progressivo, caracterizado
por uma série de mudanças biológicas, psíquicas e sociais. Uma das consequências
do envelhecer é a mudança no estilo de vida, que pode provocar a perda
de papéis sociais, como o de profissional, de pais e mães, por exemplo.
"Nesse sentido, atividades ocupacionais e laborativas são fundamentais,
sejam no contexto de um emprego tradicional, seja através da dedicação
a um projeto de vida ou ao trabalho voluntário", aponta.
Quando o idoso não se dá conta de que pode continuar a levar uma
vida normal, o risco de depressão é grande. Diante dessa realidade, o geriatra
explica que a adaptação às mudanças provocadas pelo envelhecimento e o
entendimento de que toda forma de vida é dinâmica e mutável podem ajudar
a afastar os sintomas da doença. "Ações que também podem ajudar são a psicoterapia
e a pratica de atividade física", reforça.
Olga Tessari destaca que para viver a terceira idade de maneira tranquila e
feliz é preciso saber envelhecer. E isso implica em continuar exercendo
a função que compete ao homem como um todo, um ser social, que precisa
do contato com pessoas.
A educadora física Hamabili Machado , da rede de academias Curves,
acredita que um dos pontos mais importantes para promover a socialização
é a atividade em grupo. Participar de aulas desse tipo é importante para
trabalhar todo o grupo sem preconceito e com destaque na mesma proporção,
já que todos fazem o mesmo tipo de exercício. "Além disso, muitas vezes
o professor estimula os alunos, com atividades lúdicas, danças e brincadeiras",
explica a profissional, Segundo ela, a atividade física ajuda a liberar
serotonina e endorfina, hormônios que combatem a estresse, o cansaço e
promovem mais disposição.
Respeitar e ser respeitado
Leonardo Lopes acredita que a preocupação, daqui para frente, não estará
mais relacionada a quanto viver, mas sim com a qualidade de vida que
queremos ter. Na avaliação do geriatra, cada vez mais iremos conviver com
pessoas de 90, 100 anos ou mais, mas a qualidade de vida desses idosos
dependerá das opções de vida que eles terão. E aquele que convive com o
idoso tem um papel muito importante nesse processo. A família, por exemplo,
é primordial para ajudá-lo a chegar à velhice com disposição, alegria e
naturalidade. "Muitas vezes os idosos passam a maior parte da vida em função
dos filhos, da família, e a família muitas vezes, nessa fase da vida, acaba
se afastando deles", lamenta Olga Tessari.
Seu Elisêo é privilegiado por manter contato constante com a família
e sente-se útil por, do alto dos seus 73 anos, poder ensinar coisas boas
para seus filhos e o neto Vítor, de seis anos. "Eu estou gravando todos
os programas que faço para deixar para o meu neto" conta o aposentado,
que pretende ser lembrado como um homem ativo, que nunca parou de correr
atrás dos seus sonhos, mesmo depois dos 70.
Para os especialistas, a presença dos entes queridos é muito importante
para manter o equilíbrio emocional do idoso e, portanto, o recomendável
é promover encontros constantes, ainda que exista distância física, Afinal,
quem hoje é jovem, inevitavelmente pertencerá à terceira idade no futuro.
Afetividade não acaba com a chegada da maturidade
Os laços da afetividade também são importantes na terceira idade porque
o desejo sexual permanece pela vida toda. De acordo com a psicóloga Olga
Tessari, os idosos de hoje estão praticando mais sexo do que no passado,
garantindo também a qualidade de vida. Isso tem sido possível devido a
novas terapias, como a reposição hormonal para as mulheres e os estimulantes,
no caso dos homens. Olga explica que os estimulantes proporcionam virilidade
ao idoso, fazendo com que ele sinta-se mais seguro para uma relação com
a esposa. "E, no caso da mulher, as reposições hormonais colaboram para
que aqueles sintomas ruins as menopausa sejam menores ou inexistam", explica.
De acordo com Olga Tessari, o sexo na maturidade exige que o casal
respeite as limitações do corpo e busque o entrosamento a partir dessas
limitações. Segundo Olga, o que vai garantir esse respeito é a intimidade
entre eles. "É uma nova fase à qual eles precisam se adaptar, descobrindo
novas formas de prazer com sua companheira, seu companheira, seu companheiro
e se respeitando mutuamente".
Matéria publicada o Jornal Santuário de Aparecida por Deniele Simões em
7/8/2011
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