Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Relacionamento traz benefícios para ambos
O abraço apertado, os mimos exagerados, o cheiro de quitutes e de bolo
saindo do forno, a liberdade para fazer o que bem entender e as histórias
contadas para dormir.
Essas são algumas das lembranças que nos viriam à mente sobre vovós e
vovôs.
A convivência entre avós e netos deixou de ser um evento esporádico. Hoje,
os encontros entre essas duas gerações são muito aguardados, principalmente
em datas comemorativas, como Natal e Páscoa.
Segundo dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) de 2000, o Brasil possui cerca de 31 milhões de pessoas
com mais de 50 anos e 2,1 milhões de netos ou bisnetos vivendo sob a responsabilidade
de mulheres.
Augusta da Silva Santana, de 66 anos, é um exemplo disso. Em casa, toma
conta de seis netos sozinha, enquanto quatro dos cinco filhos trabalham.
Sentada ao lado de uma pilha de roupas para passar — tarefa realizada somente
quando as crianças estão dormindo—, a aposentada conta que os netos respeitam
mais a ela que aos próprios pais. "Criar as crianças está muito difícil,
principalmente os mais velhos", diz Augusta. "Quando meus filhos querem
pegar os meninos na 'chinela', defendo. Tem de conversar olho no olho,
assim eles obedecem".
Para a psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês Tessari, os avós devem deixar claro
que a função de educar os netos fica a cargo dos pais. "Eles não têm a
tarefa de serem babás", comenta. "Como diz o ditado, os avós têm mais é
que 'estragá-los', dando a liberdade que gostariam de ter dado a seus filhos",
diz Olga. Segundo ela, enquanto os avós ensinam o que sabem da sua experiência
e da história da família aos netos, estes os levam a reviver o passado
e, assim, a refletirem sobre sua vida e elaborá-la melhor.
Passear, ir ao cinema, aprender novidades tecnológicas, como navegar na
Internet, por exemplo, são artimanhas que aproximam ainda mais as
duas gerações.
Quem faz isso é o comerciante Valmir Silveira de Aguiar, de 62 anos, que
tem seis netos do primeiro casamento e ainda cuida do neto mais velho,
de 14 anos. Para ele, a relação garante confiança e afeição. "Sempre saímos
e nos damos muito bem, pois dou conselhos, ficamos atualizados juntos,
vamos à igreja e conversamos sobre tudo", revela. "Como ele está na adolescência,
fico no pé, principalmente quando o assunto é drogas e más-companhias",
assegura o comerciante. Nessa troca de ideias, o idoso conquista
novas amizades, como a dos colegas dos netos, por exemplo, o que pode gerar
um certo ciúme.
A terapeuta e presidente da Associação Paulista de Terapia Familiar
(APTF), Elizabeth Polity, vê o sentimento de ciúme como algo comum no desenvolvimento
emocional. "Acho que o adulto pode trabalhar esta situação com bom senso,
mostrando que tem amor para todos e que coração de avós é como o de mãe:
sempre cabe mais um", explica.
Serviços
Olga Inês Tessari, psicóloga, é responsável pelo site Ajuda Emocional
-
www.ajudaemocional.com
APTF - Associação Paulista de Terapia Familiar - Al. Campinas, 1.111
- Jd. Paulista. São Paulo, SP
Matéria publicada na Revista Maioridade por Keli Vasconcelos em novembro/2006
Idosos - Adolescência - Amigos/Grupos - Ansiedade - Problemas de Relacionamento - Medos - Pais e Filhos - Autoestima - Depressão
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