Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Aposentadoria
Foi-se a época em que as pessoas aguardavam a aposentadoria para descansar.
Hoje em dia, os idosos querem mesmo é ficar antenados às novidades.
Houve um tempo em que as pessoas passavam a vida toda trabalhando e, quando
se aposentavam, a palavra de ordem era descansar. Ficar o dia todo
em casa, assistir TV, limpar uma coisa aqui, outra ali, era o ápice. Mas
esta realidade tem passado por intensas mudanças. A terceira idade agora
está em universidades, entende de Internet e é cada vez mais antenada às
tecnologias da vida moderna.
"Comprei meu computador porque via todo mundo usando. Tudo o que sei aprendi
mexendo sozinho. Procuro peças para meu carro na Internet, comparo
preços em diversas lojas e também pesquiso sobre doenças", conta o aposentado
Milton Félix Oliveira, de 65 anos. Assim como Oliveira, a necessidade
da independência frente ao computador tem incentivado muitos idosos
a participarem de atividades que estimulam este aprendizado. É o caso de
Vacir José da Silva, de 56 anos. Ele participa junto com sua esposa, Maria
de Lourdes Rodrigues, 54 anos, mais conhecida como Sra. Malu, de oficinas
da FATI (Faculdade Aberta da Terceira Idade), da Unifeg, em Guaxupé (MG).
"Sinto-me mais fortalecido quando participo das oficinas de informática",
diz o aposentado.
As atividades da FATI, que atendem hoje cerca de 150 idosos, começaram
quando a Universidade de Guaxupé solicitou a alguns professores que
criassem oficinas para a terceira idade. Um deles é o professor Leonardo
Carlim, formado em Publicidade e Propaganda pela UNIMEP e em Comunicação
e Cultura pela UNISO. Há um ano, ele dirige as oficinas de fotografia e
rádio. "A oficina vem para desmitificar o rádio. Há a oportunidade de eles
conhecerem toda a elaboração e apresentar as reportagens. Inclusive, a
oficina deu tão certo que ganhamos um programa na rádio comunitária da
cidade, o Espaço FATI, apresentado todas as quartas pela manhã", conta
Carlim.
As atividades buscam estimular não apenas a capacidade física, mas
também psicológica dos idosos. Na oficina de fotográfica, por exemplo,
os alunos trazem sua própria câmera digital e aprendem desde a história
até as técnicas fotográficas. "Eles aprendem rápido. Comparando-os aos
alunos da graduação, os da terceira idade são muito mais dedicados e exigem
mais empenho de nós professores. Eles perguntam bastante, o que traz um
dinamismo diferente para as aulas e é muito bom e positivo, principalmente
porque me exijo mais enquanto professor", confessa o docente.
Estes estímulos são fundamentais para a qualidade de vida não apenas de
idosos como de todas as pessoas. Nesta idade, porém, é um ótimo aliado
à alegria. "O ser humano é movido pelo prazer. Na terceira idade você não
trabalha mais, teve muitas perdas, tende a ser mais depressivo e, em alguns
casos, tem as suas expectativas da aposentadoria frustradas. Por isso,
estar ativo, desenvolvendo atividades que exigem mais da pessoa é fundamental,
ela com certeza ficará mais animada", afirma Olga Tessari (SP), psicóloga
e autora do livro Dirija sua vida sem medo.
Se divertir, ter amigos, conhecer lugares, fazer coisas novas é fundamental
para uma vida saudável. "Quando respeitamos nossas limitações, nada fica
inviável. É importante aproveitar esta fase da vida para fazer atividades
que proporcionam prazer, como praticar esportes, caminhar e até mexer na
Internet. Esta última, contudo, abre um leque de possibilidades. É na web
que a pessoa terá a oportunidade de reencontrar amigos em redes sociais,
ler notícias, conhecer um novo mundo. Esta ferramenta colabora bastante
para reacender a chama da vida deste idoso, principalmente por ser um braço
da curiosidade", incentiva a psicóloga.
É o caso da Sra. Malu que, quando morava em São Paulo não tinha interesse
em participar destas atividades, mas quanto foi para Guaxupé com seu
marido decidiu se envolver. "Não conhecíamos ninguém e precisávamos fazer
amigos. Comecei assistindo palestras sobre temas bem interessantes, não
apenas para terceira idade, como osteoporose, prevenção de quedas. Estávamos
sem fazer nada e decidimos participar mais. Foi quando iniciamos as oficinas
de rádio e informática", compartilha.
O incentivo da família, estimulando o idoso a ser mais ativo e parceiro
da tecnologia, conforme aconselha Olga, também é imprescindível. "A
pessoa de mais idade precisa ser estimulada por pessoas próximas, mesmo
que, a princípio, ela não queira sair, incentive-a. Um ótimo argumento
é dizer o quanto ela vai gostar da atividade e o quanto precisa dela para
executar aquela tarefa. Nesta fase o idoso não se sente tão útil como antes,
e ser convidado a ajudar será muito importante para ele. Persista caso
ele se mostre resistente. Vai valer a pena".
A vida continua e o melhor, com qualidade
Simpático e sempre risonho Sr. Milton dá uma lição de sabedoria àqueles
que acham que só por ter chegado aos 50, 60 anos o dever já foi inteiramente
cumprido. "Algumas pessoas da minha idade acham que a vida acabou, mas
como diz o ditado, só acaba quando termina. Não sabemos o prazo da vida,
pode ser um dia, 10 dias, 10 anos, e por isso precisamos viver. É sempre
bom fazer alguma coisa para não travar [risos]", diz. Em acordo, o professor
Leo, como é conhecido por seus alunos, compartilha que "as atividades são
tão importantes para eles, que muitos pensam na Quarta Idade. Eles têm
visão de futuro e isso é fantástico. Eles deixam de lado a tristeza e se
envolvem de verdade".
Para a Sra. Malu, participar das oficinas além de lhe deixar mais
segura diante a tecnologia e a vida moderna, faz com que ela esqueça até
de uma possível dor. "A rádio exercita minha mente. Quando vou entrevistar
alguém preciso pesquisar sobre o entrevistado e faço isso na Internet.
As pessoas acham que sabem tudo, mas, na verdade somos eternos aprendizes.
Aprendo coisas que não são do meu mundo e construo amizades. Estas atividades
são muito positivas para nós, pois quando uma pessoa está com baixo astral,
recupera o ânimo rapidamente e fica mais alegre. Sabe, quando participo
até a dor que sinto passa, fico mais motivada e paro de criar doenças na
minha cabeça", confessa.
Quem foi que disse que só porque chegou na terceira idade e o mundo
está se modernizando a vida acabou? Pelo contrário, há um mundo novo para
ser descoberto e só depende de uma atitude. Não fique esperando a vida
passar assistindo-a de camarote. "Se está com dor, faça as atividades com
dor mesmo. Sua qualidade de vida vai melhorar e a dor? Nem vai se lembrar
dela", finaliza Olga Tessari.
Entrevista com Adriana Santos,coordenadora e responsável pela oficina
de informática da FATI
FARMAIS - Como se sente ao ensinar informática a idosos?
Adriana - É muito prazeroso e gratificante compartilhar conhecimentos
com a terceira idade. Quando eles descobrem, por exemplo, que a tecla "enter"
do computador é igual ao "enter" do caixa eletrônico e que isso não estraga
nada, o sorriso da descoberta é algo indescritível para quem está à frente
deles.
FARMAIS - Eles aprendem com facilidade?
Adriana - Quanto ao aprendizado, eles aprendem sim, dentro do que lhes
é necessário para utilização da informática (digitar um texto, ler
notícias ou receitas na internet, comunicar-se com familiares distantes).
É lógico que o aprendizado é um pouco mais lento e a absorção também, mas
se compararmos os jovens de 30 anos com as crianças de hoje, percebemos
que a rápida evolução da tecnologia causa ainda muito estranhamento a muitos.
FARMAIS - Qual a importância de pessoas com idade avançada participarem
de atividades como esta, pensando em saúde fisíca e psicólogica?
Adriana - Acredito que a vida seja um movimento (físico, espiritual e
mental), quando pessoas da terceira idade se propõem a participarem
de atividades diversas como: oficinas de rádio, fotografia, informática,
dança, coral, literatura e outras estão se movimentando e isso proporciona
um bem estar muito grande, pois, percebem que com o passar dos anos o que
acontece é apenas o surgimento de algumas limitações e não uma impossibilidade.
FARMAIS - Tem alguma história bacana sobre a contribuição das oficinas
na vida de um aluno? Conte-nos um pouquinho como foi.
Adriana - Tenho várias histórias, acho até que daria um livro [risos].
Vou pontuar alguns benefícios:
1) Casais que participam da oficina e ganham computadores de seus
filhos que moram fora têm a oportunidade de ver os filhos e netos todos
os dias. Essa proximidade faz com que eles se sintam mais próximos e seguros
quanto ao bem estar dos filhos, pois, estão vendo-os pela webcam.
2) A autonomia que se desenvolve para utilizar caixas eletrônicos, celulares, aparelhos
de DVD´s. Tudo isso é possível porque eles percebem que conseguem utilizar
o computador e que demais aparelhos tecnológicos também podem ser aprendidos
– "não é tão difícil assim" – dizem eles. A autonomia é muito importante
na vida das pessoas mais velhas, é importante que elas sintam que
ainda podem. A partir do momento que eles acreditam que não podem mais
e que só dependem de outras pessoas, aos poucos eles começam a se anular
e param de se movimentar, e vida é movimento.
Expectativa de vida
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
o Brasil deixará de ser um país jovem para se tornar um país com predominância
de idosos. Atualmente, a expectativa média de vida é de 71,3 anos. Estima-se
que em 2024 deve passar para 76 anos, isso por que a taxa de natalidade
(número de nascimentos por ano) tem caído e a expectativa de vida, aumentado.
Envelhecimento ativo - As dicas são da psicóloga Olga Tessari
•Chega de se lamentar. Não perca anos de sua vida pensando que já acabou
•Desligue a TV. Pare de assistir tragédias e conheça o mundo
•Ocupe-se. Faça atividades que lhe proporcionem prazer
•Você é útil. Pessoas a sua volta precisam de seu conhecimento e experiência
•Você está vivo. Por isso, saia da zona de conforto e conheça novos
lugares
Matéria publicada na Revista Farmais Ano 10 Ed 128 por Layla Marques
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