Entrevista com © Dra Olga Inês Tessari
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Avós X Mães
É consenso que as avós representam sabedoria, experiência, afeto e carinho.
Mas, quando os netos entram em cena, em alguns momentos essa relação
pode desandar e, de repente, explode um atrito. Nada mais natural.
De um lado, a mãe e o pai impõem uma série de regras na hora de criar
os filhos. Do outro, o avô e a avó distribuem mimos que parecem colocar
tudo a perder – e, às vezes, querem instituir sua própria cartilha de educação.
Para escapar dessa saia-justa, a primeira regra é conhecer a função de
cada personagem na história.
"Costumo dizer que o papel dos pais é educar os filhos e o dos avós
é estragar os netos", diz, brincando, a psicóloga Angélica Capelari, professora
da Universidade Metodista de São Paulo. Por estragar, entenda dar carinho,
amor, proteção e muitos presentes. A psicóloga clínica Mara Pusch, da Universidade
Federal de São Paulo, concorda: "A responsabilidade da educação é dos pais,
e esse é um dos motivos pelos quais os netos e os avós se entendem tão
bem". Quando essas funções estão bem claras, fica mais fácil lidar com
os desafios que aparecem.
Um exemplo: você não precisa se descabelar diante de uma infração cometida
pela criança sob a batuta dos avós. Afinal, eles estão aí justamente para
atender os caprichos dos netos e planejar, com os pequenos, perdoáveis
atos de rebeldia. "Se existir respeito pelos critérios e hábitos estabelecidos
pelos pais, não haverá prejuízo para a autoridade paterna", diz Mara. Com
o tempo, você também vai descobrir que a avó – aquela figura que, inicialmente,
parecia tão implicante ou dona da razão – é quase uma enciclopédia de dicas
sobre a maternidade. E, convenhamos, não dá para desprezar tanta sabedoria.
"Como a avó tem mais experiência, ela pode ser uma boa fonte de consultas
nos casos em que a mãe não sabe como agir com a criança", diz a psicóloga
Olga Inês Tessari, de São Paulo. O problema surge quando a mais velha,
por se considerar pra lá de experiente, quer tomar conta da situação, não
respeitando as regras da mais nova. Aí, você tem duas táticas a seguir.
A primeira é abrir o jogo e ter uma conversa bem franca com a avó, seja
ela a sua mãe ou a sua sogra. "Explique que aceita de bom grado os conselhos,
mas prefere escolher você mesma de que forma vai agir com o filho", sugere
Olga Tessari.
Trata-se de um diálogo difícil, lembra a especialista. Mas, se for
bem conduzido, com calma, sem ofensas e com amor, traz bons resultados.
Outra estratégia é fazer o que popularmente se chama de "ouvido de mercador"
e filtrar o que diz a avó. Isso vale principalmente quando ela é do tipo
que não dá brecha ao entendimento. "Nesse caso, o recomendável é simplesmente
ignorar e fazer do seu jeito. Mas sem entrar em discussão ou provocar atritos".
Matéria publicada no site Bebê – Editora Abril por Carolina Chagas,
com Michelle Veronese em setembro/2007
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